São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / ESTADOS

Falta de coerência é principal marca das coligações regionais

Diversidade das alianças e número de candidatos próprios de cada partido nos Estados mostram que siglas não têm caráter nacional

Em Mato Grosso, na Paraíba e em Minas Gerais, alianças formaram os chamados "chapões": cada uma tem no mínimo dez partidos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ampla variedade de alianças nos 26 Estados e no Distrito Federal trazem curiosidades e incoerências para todos os partidos. É como se as agremiações políticas sofressem de distúrbio bipolar ideológico: num determinado local são contra os mensaleiros; cruzam a fronteira e já ficam a favor.
A direção nacional do PT, por exemplo, diz estar se unindo aos partidos do mensalão, mas não aos mensaleiros. Essa explicação não tem conexão completa com a realidade.
Em São Paulo, a coligação petista inclui o PL, comandado por Valdemar Costa Neto -que renunciou ao mandato de deputado federal no ano passado depois que ficou evidente sua participação no esquema de doações ilegais comandado pelo publicitário Marcos Valério, com o consentimento do PT. Costa Neto é candidato e tentará voltar à Câmara com a ajuda dos petistas.
O PSDB paulista poderia usar o caso de Costa Neto para torpedear o PT na área ética e moral, mas os tucanos também abrigam um mensaleiro em São Paulo: o PTB.
Quando se considera o número de candidatos próprios que cada partido tem aos governos e para preencher as vagas de senador nos Estados, fica claro que o Brasil ainda está longe de ter uma agremiação verdadeiramente nacional.
Entre as siglas maiores, o recorde de candidatos próprios a governos estaduais é do PT, com 18 nomes. É seguido pelo PSDB, com 17, e pelo PMDB, com 16. Depois, o PFL, com apenas sete.
Se se incluem as siglas nanicas na contabilização de candidatos próprios, o PSOL, da presidenciável Heloisa Helena, é o campeão com 23 nomes. A maioria, senão todos, têm chance quase nula de prosperar eleitoralmente -fazem campanhas com poucos segundos na TV e escassos recursos para propaganda nas ruas.
Outra curiosidade são os "chapões" que se formaram em alguns Estados. Mato Grosso e Paraíba têm candidatos com o apoio de 16 partidos. Em Minas Gerais, o atual governador Aécio Neves (PSDB) obteve aliança com outros nove partidos além do seu. Na aliança tucana mineira, houve espaço para a trinca mensaleira completa: PP, PL e PTB.
Outro que tem um comportamento bipolar nos Estados é o PPS, que ensaiou lançar a candidatura a presidente de Roberto Freire. Inimigo do PT, entrou em uma aliança com petistas em Roraima e no Rio Grande do Norte.
Por outro lado, o PPS está em coligações com o PSDB em 16 unidades da Federação.
Em resumo, quando os candidatos a presidente atacam-se mutuamente, dificilmente a crítica será mantida em todos os Estados. De alguma forma, no teatro eleitoral nacional, todos estão coligados uns aos outros. (FERNANDO RODRIGUES)


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