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ELEIÇÕES 2006 / ESTADOS
Falta de coerência é principal marca das coligações regionais
Diversidade das alianças e número de candidatos próprios de cada partido nos Estados mostram que siglas não têm caráter nacional
Em Mato Grosso, na Paraíba e em Minas Gerais, alianças formaram os chamados "chapões": cada uma tem no mínimo dez partidos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ampla variedade de alianças nos 26 Estados e no Distrito
Federal trazem curiosidades e
incoerências para todos os partidos. É como se as agremiações
políticas sofressem de distúrbio bipolar ideológico: num determinado local são contra os
mensaleiros; cruzam a fronteira e já ficam a favor.
A direção nacional do PT, por
exemplo, diz estar se unindo
aos partidos do mensalão, mas
não aos mensaleiros. Essa explicação não tem conexão completa com a realidade.
Em São Paulo, a coligação petista inclui o PL, comandado
por Valdemar Costa Neto -que
renunciou ao mandato de deputado federal no ano passado
depois que ficou evidente sua
participação no esquema de
doações ilegais comandado pelo publicitário Marcos Valério,
com o consentimento do PT.
Costa Neto é candidato e tentará voltar à Câmara com a ajuda
dos petistas.
O PSDB paulista poderia
usar o caso de Costa Neto para
torpedear o PT na área ética e
moral, mas os tucanos também
abrigam um mensaleiro em São
Paulo: o PTB.
Quando se considera o número de candidatos próprios
que cada partido tem aos governos e para preencher as vagas
de senador nos Estados, fica
claro que o Brasil ainda está
longe de ter uma agremiação
verdadeiramente nacional.
Entre as siglas maiores, o recorde de candidatos próprios a
governos estaduais é do PT,
com 18 nomes. É seguido pelo
PSDB, com 17, e pelo PMDB,
com 16. Depois, o PFL, com
apenas sete.
Se se incluem as siglas nanicas na contabilização de candidatos próprios, o PSOL, da presidenciável Heloisa Helena, é o
campeão com 23 nomes. A
maioria, senão todos, têm
chance quase nula de prosperar
eleitoralmente -fazem campanhas com poucos segundos na
TV e escassos recursos para
propaganda nas ruas.
Outra curiosidade são os
"chapões" que se formaram em
alguns Estados. Mato Grosso e
Paraíba têm candidatos com o
apoio de 16 partidos. Em Minas
Gerais, o atual governador Aécio Neves (PSDB) obteve aliança com outros nove partidos
além do seu. Na aliança tucana
mineira, houve espaço para a
trinca mensaleira completa:
PP, PL e PTB.
Outro que tem um comportamento bipolar nos Estados é
o PPS, que ensaiou lançar a
candidatura a presidente de
Roberto Freire. Inimigo do PT,
entrou em uma aliança com petistas em Roraima e no Rio
Grande do Norte.
Por outro lado, o PPS está em
coligações com o PSDB em 16
unidades da Federação.
Em resumo, quando os candidatos a presidente atacam-se
mutuamente, dificilmente a
crítica será mantida em todos
os Estados. De alguma forma,
no teatro eleitoral nacional, todos estão coligados uns aos outros.
(FERNANDO RODRIGUES)
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