Incoerência faz com que siglas sejam aliadas ou rivais dependendo do local

Quantidade de candidatos próprios dos partidos aos governos estaduais mostra falta de uma agremiação verdadeiramente nacional

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ampla variedade de alianças nos 26 Estados e no Distrito Federal traz curiosidades e incoerências para todos os partidos. É como se as agremiações políticas sofressem de distúrbio bipolar ideológico: num determinado local são contra os mensaleiros; cruzam a fronteira e já ficam a favor.
A direção nacional do PT, por exemplo, diz se unir aos partidos do mensalão, mas não aos mensaleiros, explicação sem conexão completa com a realidade. Em São Paulo, a coligação petista inclui o PL, comandado por Valdemar Costa Neto -que renunciou à Câmara pela evidência de seu envolvimento no esquema de doações ilegais do publicitário Marcos Valério. Costa Neto tentará voltar à Câmara, com a ajuda dos petistas.
O PSDB paulista poderia usar o caso de Costa Neto para torpedear o PT, mas os tucanos também abrigam um mensaleiro em São Paulo, o PTB.
Se se considerarem os candidatos próprios de cada partido aos governos e ao Senado nos Estados, fica claro que o Brasil está longe de ter uma agremiação verdadeiramente nacional.
Entre as siglas maiores, o recorde de candidatos próprios a governos estaduais é do PT, com 18 nomes, seguido pelo PSDB, com 17, pelo PMDB, com 16, e pelo PFL, com apenas sete.
Outra curiosidade são os chapões formados em alguns Estados. Mato Grosso e Paraíba, por exemplo, têm candidatos com o apoio de 16 partidos.
Outro com comportamento bipolar é o PPS. Inimigo do PT, se aliou a petistas em duas unidades federativas, mas também se coligou ao PSDB em 16.
Em resumo, quando os candidatos a presidente atacam-se mutuamente, dificilmente a crítica será mantida em todos os Estados. De alguma forma, no teatro eleitoral nacional, todos estão coligados uns aos outros. (FERNANDO RODRIGUES)


Texto Anterior: Costura de apoios da "união mineira" definiu eleição em 85
Próximo Texto: Eleições 2006/Presidência: Alckmin nega que presídios de SP estejam sem controle
Índice