São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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Costura de apoios da "união mineira" definiu eleição em 85

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Tancredo Neves iniciou na "cozinha" mineira a articulação que culminou com a sua eleição pelo Congresso para a Presidência da República, em 1985. A costura inicial o fez governador de Minas em 1982, com o país ainda sob o regime militar.
Três anos antes, Tancredo criou o PP (Partido Popular) e juntou no novo partido gente do PMDB e ex-arenistas (que apoiaram os militares), entre eles uma das principais lideranças políticas da época, o ex-governador Magalhães Pinto.
O PP não vingou por causa de manobras eleitorais do governo militar, e muitos políticos, como Magalhães, voltaram para o PDS, que polarizou com o PMDB no quadro de bipartidarismo até 1979. Mas muitos outros ex-arenistas se mantiveram ligados a Tancredo.
De volta ao PMDB e eleito governador, após entendimento com o então senador Itamar Franco, uma das preocupações de Tancredo foi abrigar sob o guarda-chuva palaciano todas as forças que o apoiaram.
Ao anunciar o secretariado, deu lugar para os muitos espectros do PMDB, para os ex-arenistas do PP e os ruralistas do Triângulo Mineiro. Compôs de forma que até um suplente de deputado eleito com o apoio do PC do B chegasse à Câmara.
Com a derrota da emenda das diretas-já para presidente, em 1984, surgiu no PDS a Frente Liberal, que pregava a volta de um civil à Presidência.
O então vice-presidente da República, Aureliano Chaves (PDS-MG), foi um dos candidatos que se apresentaram e teve o apoio de Tancredo. Derrotada essa articulação no PDS, Aureliano retribuiu apoiando Tancredo para presidente.
Esse apoio da chamada Frente Liberal do PDS, da qual Aureliano era um dos líderes, levou à chamada "união mineira". Tancredo ainda achou lugar para esse grupo no seu governo e isolou o que restava do PDS-MG.
O deputado Magalhães Pinto, que no ano de 1984 chegou a ser acusado de tramar com militares um novo golpe de Estado, foi ao Colégio Eleitoral no ano seguinte e votou em Tancredo. (PP)


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