|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF vira "segurança" de Lalau, diz Promotoria
Ministério Público quer que ex-juiz, hoje em prisão domiciliar, vá para hospital penitenciário ou para a custódia da Polícia Federal
Escolta policial que vigia
a casa declarou nunca ter
visto ali aparelhos médicos; procurador quer exame que
que verifique doença do juiz
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
quer que a Justiça transfira para a custódia da Polícia Federal
ou para um hospital penitenciário o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, 78, atualmente em prisão domiciliar.
A Polícia Federal mantém
quatro agentes fazendo escolta
na casa do juiz e já chegou a alegar que "o condenado passou a
ter uma segurança particular
especializada e patrocinada pelos cofres públicos".
O ex-presidente do Tribunal
Regional do Trabalho foi condenado a penas que somam 48
anos pelo desvio de R$ 169,5
milhões na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.
O MPF pretende reavaliar se
prevalecem os motivos que levaram o STJ (Superior Tribunal de Justiça) a determinar,
em 2003, que Nicolau cumprisse prisão cautelar em casa, no
bairro paulista do Morumbi.
Para o procurador da República Roberto Antonio Dassié
Diana, já não se sustenta uma
das alegações da época: a de que
a custódia da Polícia Federal
não satisfaz as exigências legais
para prisão cautelar de um juiz.
O procurador reiterou à juíza
substituta da 1ª Vara Federal
Criminal, Paula Mantovani
Avelino, o pedido para que Nicolau se submeta a "avaliação
médica em estabelecimento
público", para esclarecer se
"sofre de alguma doença ou
moléstia física ou mental".
A juíza determinara apenas
que a Polícia Federal informasse se algum aparelho médico
havia sido instalado na casa de
Nicolau desde o início da prisão
cautelar. E a PF deveria relatar
se ele havia sido removido alguma vez para hospital ou clínica.
Os policiais federais da escolta de Nicolau sustentaram nunca ter visto aparelhos médicos
na casa do juiz. E que, algumas
vezes, escoltaram o preso apenas para consulta ao dentista,
no hospital Albert Einstein.
"A correta fiscalização da prisão domiciliar abrange constatar a exata situação médica do
sentenciado", afirma Dassié
Dana, no pedido à juíza. O procurador afirma que a idade
avançada não é condição para o
benefício da prisão domiciliar.
A prisão domiciliar de Nicolau foi confirmada pelo STJ, em
2003, diante do "estado gravíssimo de saúde do réu comprovado por laudo médico".
O cardiologista José Maria
Mello Ayres certificara que Nicolau encontrava-se com "depressão reativa grave, hipertensão arterial e labirintopatia". O juiz estava "num quarto
da Polícia Federal", "sem ventilação" e "muito frio". Seus sintomas eram "choro fácil, depressivo, não quer mais viver e
fala muito em suicídio". Mello
Ayres prevenira que, "devido a
sua idade, stress emocional, depressão, poderá ser acometido
de acidente vascular cerebral
ou infarto do miocárdio".
Em agosto de 2003, o juiz Casem Mazloum, então titular da
1ª Vara Criminal, determinou
que a vigilância da prisão domiciliar de Nicolau poderia "ser
realizada da parte externa da
residência, de forma discreta".
Essa e outras decisões de Mazloum foram reformadas pela
Justiça Federal. Afastado do
cargo pela Operação Anaconda,
no final de 2003, Mazloum foi
acusado de favorecer Nicolau.
Texto Anterior: Evento Folha: Cientista político dá palestra sobre campanhas européias Próximo Texto: Outro lado: Advogado se diz "surpreso" e promete recurso Índice
|