São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2007

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JANIO DE FREITAS

Os nomes inverdadeiros

AINDA NÃO se pode saber se os movimentos grevistas reaparecem como comprovação de que o sindicalismo recupera o vigor da vida ou se mostra os estertores da luta que antecede o fim.
Mas nenhuma das duas hipóteses se presta a reabilitar a expressão "dos Trabalhadores" nos nomes do PT e da CUT. Ambos entregaram o sindicalismo em uma bandeja, feita com folhas do Diário Oficial repletas de nomeações, à política econômica de Antonio Palocci/Lula. O que servidores públicos e de estatais hoje reclamam, com seus movimentos grevistas incipientes e penosos, foi-lhes usurpado como uma pequena parcela do imenso ônus salarial e social imposto ao trabalho nestes anos.
PT e CUT tornaram-se alicerces da política econômica baseada nos juros mais altos do mundo e em corte de investimentos públicos para pagar esses juros, estabelecidos pelo próprio governo. É no mínimo discutível, portanto, a legitimidade de qualquer reivindicação proveniente agora de orientações sindicais que se sujeitaram à CUT, nos últimos anos. Querem receber o que ajudaram moralmente a ser retirado dos seus direitos.
Como a Força Sindical nasceu vencida por incontível vocação peleguista, o que quer que sejam os atuais movimentos grevistas - ressurgimento ou estertor - expressam ambos que o seu futuro, se existir, estará em recomeçar do zero.

O aliado
Mais do que integrante do Conselho de Ética do Senado, o senador peemedebista Almeida Lima compõe a comissão de três incumbida de conduzir as apurações em torno de Renan Calheiros. Apesar disso, Almeida Lima sustenta que os atos já praticados pelo Conselho e pela comissão, no caso, são ilegais.
Nomeado para os dois cargos por forte insistência de Renan Calheiros no PMDB, o sergipano Almeida Lima corresponde à expectativa, que não variou nem fora do seu partido. Mas tal qualidade não evita a evidência de que compactua com ilegalidades tão graves quanto podem ser os recursos para cassar um mandato de senador por meios ilegais.
Se os pares de Almeida Lima incorreram em ilegalidades, não consta que o fizessem de modo consciente. Nem o próprio Almeida Lima acusou, nesse sentido, algum deles. Já o senador Almeida Lima tem consciência plena do que afirma serem ilegalidades, com as quais compactua. A pureza pessoal de que tanto já se louvou, no plenário do Senado e no Conselho de Ética, passa a depender de sua renúncia à comissão e ao Conselho: mesmo participar contra é contribuir para dar condições às ilegalidades.


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