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Conselho anula relatório pelo arquivamento do caso Renan
Senadores excluem suposto favorecimento à cervejaria Schincariol do processo
Parecer rejeitado vai ceder
lugar a novo parecer feito
pelo trio de relatores do
caso; investigação solicita
livro-caixa da fazenda em AL
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Conselho de
Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), anulou o relatório que pedia o arquivamento sumário do processo
contra o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL).
O parecer foi apresentado em
junho pelo então relator do caso, senador Epitácio Cafeteira
(PTB-MA), mas não foi votado
porque os senadores disseram
não ter elementos para absolver nem para condenar o presidente da Casa. Eles pediram o
aprofundamento da apuração.
Quintanilha anulou ainda os
relatórios alternativos de
PSDB, DEM e PDT, que pediam
a continuidade da apuração:
"Declaro prejudicados o relatório de lavra do senador Epitácio
Cafeteira e os votos a ele em separado apresentados".
O despacho de Quintanilha,
da última quinta, nomeou uma
trinca de relatores para o caso:
Renato Casagrande (PSB-ES),
Almeida Lima (PMDB-SE) e
Marisa Serrano (PSDB-MS).
Cafeteira, que havia se licenciado por problemas de saúde, foi
afastado da relatoria.
A anulação do relatório de
Cafeteira foi questionada ontem pelo advogado do presidente do Senado, Eduardo Ferrão, que enviou um ofício para
Quintanilha. Para ele a decisão
seria ilegal porque o relatório
teria que ser votado.
Depois de apontar erros na
tramitação do processo contra
Renan, Quintanilha afirmou no
mesmo despacho que os trabalhos realizados são válidos.
A Polícia Federal pediu ontem ao Conselho de Ética o livro-caixa da fazenda de Renan,
em Alagoas; a ficha cadastral de
seu rebanho no Ministério da
Agricultura de 2003 a 2006 e
canhotos de notas fiscais de
venda de gado. A PF já havia pedido notas fiscais de 2004 e
Guias de Trânsito Animal.
Um consultor do Senado
também deve ir a Alagoas na
próxima semana recolher documentos nas secretarias de
Fazenda, Agricultura e na delegacia do Ministério da Agricultura. Com esse material, a PF
pretende concluir perícia com
o objetivo de verificar se as operações de venda de gado declaradas por Renan ocorreram.
Os relatores não pretendem
passar desse ponto. Eles afirmaram que, a princípio, não investigarão denúncia de que Renan teria beneficiado a Schincariol depois que a cervejaria
comprou uma fábrica de seu irmão, deputado federal Olavo
Calheiros (PMDB-AL).
Eles afirmaram que, para isso, seria necessário abrir um
novo processo. "Fomos convocados para relatar aqueles itens
que estão na representação do
PSOL. Para isso seria uma nova
representação com novos relatores", disse Marisa Serrano.
"Essa denúncia se refere ao irmão do Renan, não a ele. Não
tem relação com o processo",
afirmou Casagrande.
Já Almeida Lima, que é aliado de Renan, não quer investigar nem se as transações agropecuárias do presidente do Senado são verdadeiras."
O PSOL quer que a denúncia
sobre a Schincariol seja investigada no processo já aberto. "Esse é um fato conexo, que tem a
ver com quebra de decoro", disse José Nery (PSOL-AL).
Segundo a "Veja", a Schincariol comprou por R$ 27 milhões uma fábrica do irmão de
Renan em Murici (AL), quando
o negócio estaria prestes a fechar. Segundo a revista, o preço
estaria acima do de mercado.
Após a transação ser concluída,
Renan teria conseguido suspender a cobrança de uma dívida de R$ 100 milhões da cervejaria com o INSS e outra, também milionária, com a Receita.
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