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STF liberta Dantas e mais 10 presos em operação da PF
Decisão beneficia irmã de banqueiro e outros 9 funcionários do grupo Opportunity
Gilmar Mendes argumenta
em decisão que a principal
razão para a prisão -a
coleta de provas- já havia
sido cumprida pela polícia
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro
Gilmar Mendes, mandou soltar
na noite de ontem o banqueiro
Daniel Dantas, do Opportunity,
e sua irmã Verônica Dantas,
que estavam presos na sede da
Polícia Federal em São Paulo.
Eles são acusados dos seguintes
crimes: gestão fraudulenta, formação de quadrilha, evasão de
divisas, lavagem de dinheiro e
uso de informações privilegiadas, entre outros.
Mendes estendeu a decisão
para outros nove funcionários
e executivos do Opportunity
presos na terça pela Operação
Satiagraha, por entender que o
pedido da defesa se enquadrava
para tais casos. São eles Daniele
Ninnio (diretora jurídica), Arthur Carvalho (executivo), Carlos Rodenburg (sócio), Eduardo Monteiro (executivo), Dorio
Ferman (presidente), Itamar
Benigno Filho (executivo),
Norberto Aguar Tomaz (executivo, Maria Amalia Coutrim
(executiva) e Rodrigo Bhering
Andrade (ex-diretor).
O presidente do STF argumentou, em sua decisão, que a
principal razão para a prisão
temporária -a coleta de provas- já havia sido cumprida.
Sobre o argumento de que a reclusão seria necessária para garantir o interrogatório, como
alegou a Justiça Federal paulista, Mendes afirmou que não
existe previsão legal para tal.
"Não se pode decretar prisão
temporária com base na mera
necessidade de oitiva dos investigados, para fins de instrução processual. O interrogatório constitui ato normal do inquérito policial, em regra levado a efeito com o investigado
solto, ante a garantia fundamental de presunção de inocência", afirmou o ministro.
A determinação do STF seria
enviada na madrugada de hoje
para PF em São Paulo, por fax.
Na manhã de ontem, Mendes
chegou a adiar a decisão, quando requisitou à 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo o envio "imediato" de informações
sobre as razões que motivaram
a prisão dos irmãos. Tais informações chegaram ao Supremo,
por fax, algumas horas depois.
Mendes negou liberdade ao
ex-presidente da Brasil Telecom Participações, Humberto
Braz, considerado braço direito
de Dantas. O presidente do STF
alegou que Braz não estava"
abrangido pelo decreto de prisão temporária". Acusado de
ser um dos emissários enviados
pelo banqueiro para oferecer
US$ 1 milhão a um delegado em
troca da exclusão de Dantas,
Verônica e do filho dela da investigação, Braz está foragido.
Acesso
Mendes também autorizou
ontem que os advogados de Daniel e Verônica Dantas tenham
acesso aos inquéritos da Justiça e da PF que culminaram na
prisão temporária deles, do ex-prefeito Celso Pitta e do megainvestidor Naji Nahas, além
de outras 13 pessoas.
O presidente do Supremo pediu a cópia da decisão sobre a
prisão temporária de Dantas,
Verônica e os funcionários, os
pedidos de busca e apreensão e
a prestação das "informações
que entender pertinentes".
A defesa do banqueiro tenta
ter acesso aos inquéritos desde
26 de abril, quando a Folha publicou reportagem informando
que Dantas e seus principais
sócios e executivos eram alvo
de apuração da PF. Desde então, os advogados entraram
com dois habeas corpus, primeiro no STJ e depois no STF.
Um foi negado liminarmente.
O outro estava sob a análise do
STF. A defesa voltou ao Supremo anteontem, alegando que
as circunstâncias demandavam
urgência na decisão.
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