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PF apura privilégio a Dantas na venda da BrT
Opportunity negociou ações da empresa com grupo Oi por preço 20% maior do que o definido para acionistas minoritários
Operação chamou a atenção
porque os papéis, quando
adquiridos por Dantas, não
faziam parte do bloco de
controle da Brasil Telecom
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Na investigação contra o grupo Opportunity e o banqueiro
Daniel Dantas, a Polícia Federal levanta suspeita de ilegalidade na venda de parte das
ações da BrT (Brasil Telecom)
ao grupo Oi Telemar. Dantas e
o Citigroup venderam ações
adquiridas na Bolsa por preço
20% maior do que o definido
para acionistas minoritários.
Ao comprar o controle acionário da Brasil Telecom Participações, a Telemar aceitou incluir no mesmo pacote 9,85 milhões de ações ordinárias pertencentes ao Opportunity e 2,3
milhões de ações do Citigroup,
a R$ 72,30 por ação. Ou seja,
com o ágio de 20%, previsto na
legislação para a compra de
ações do bloco de controle, o
chamado prêmio de controle.
A operação chamou a atenção da PF porque as ações em
questão haviam sido adquiridas
pelo Opportunity na Bolsa de
Valores, depois do leilão de privatização da Telebrás, e não faziam parte do bloco de controle
acionário da tele.
Ao vender suas ações no pacote do bloco de controle, o Opportunity terá lucro adicional
de R$ 142,7 milhões e o Citi, de
R$ 33,73 milhões. A cifra se refere à diferença entre o valor
por ação a ser pago aos acionistas controladores da BrT (R$
72,30) e o que será oferecido
aos minoritários (R$ 57,82 por
ação ordinária).
A Previ (Caixa de Previdência dos Empregados do Banco
do Brasil), acionista controladora da BrT, tem 6,89 milhões
de ações ordinárias da empresa
adquiridas em Bolsa. Elas serão
vendidas à Telemar nas condições oferecidas aos minoritários, sem o ágio de controle.
Os acionistas da BrT assinaram o contrato de venda da empresa para a Oi no final de abril.
Mas o pagamento das ações
apenas será efetivado se for eliminado o impedimento legal
para a fusão de concessionárias
de telefonia fixa local, o que depende de mudança do PGO
(Plano Geral de Outorgas).
A alteração está em consulta
pública na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
A investigação da PF, para as
empresas, não ameaça a venda
da BrT para a Oi, embora possa
alimentar a oposição.
A operação foi citada pelo
juiz Fausto Martin de Sanctis
quando autorizou a prisão de
Dantas e outras 23 pessoas, anteontem. No texto do juiz consta que as "manobras" geram
"lucro ilícito para o grupo (...)
com fortes indícios de fraudes
na liquidação dos papéis". Ela
foi um dos motivos da acusação
de gestão fraudulenta de instituição financeira contra Dantas e a cúpula do Opportunity.
Acordo de acionistas
Segundo gestores e advogados dos fundos de pensão -que
controlam a BrT, junto com o
Citi-, há um acordo de acionistas, de setembro de 2003, que
vincula as ações adquiridas pelo Opportunity na Bolsa ao bloco de controle da Brasil Telecom Participações.
Baseado no acordo de acionistas, Dantas cobrou o prêmio
de controle na venda das ações.
A condição foi aceita pela Telemar para viabilizar o negócio.
O acordo de acionistas -cuja
cópia foi obtida pela Folha-
foi assinado quando o Opportunity era gestor dos investimentos do Citigroup e dos fundos de pensão na BrT, na Telemig Celular e na Amazônia Celular. O documento foi assinado em 16 de setembro de 2003.
Três semanas depois, os fundos de pensão, apoiados pelo
BNDES, destituíram o Opportunity. Em 2005, o Citi fez o
mesmo e, com a união dos fundos e do Citi, Dantas foi afastado da administração da BrT.
Colaborou MARIO CESAR CARVALHO ,
da Reportagem Local
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