São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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Polícia Federal aponta atuação de família em esquemas de fraudes

ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em família, o banqueiro Daniel Dantas montou grande parte da estrutura usada para mandar ilegalmente grandes quantias para o exterior, lavar dinheiro e multiplicar os lucros, apontam documentos da Polícia Federal usados como base para os pedidos de prisão da Operação Satiagraha.
Segundo os investigadores, por empresas e contas bancárias abertas em nome de pelo menos seis parentes dele circulou parte dos US$ 2 bilhões movimentados em fundos de pensão e offshores ligadas ao grupo Opportunity.
A estratégia teria o consentimento dos familiares de Dantas, segundo a PF. Verônica Dantas, irmã dele, apontada como sócia de mais de 150 empresas, chegou a manifestar preocupação com o uso indiscriminado do sobrenome Dantas.
E-mail interceptado pela PF mostra Verônica pedindo "cautela" ao irmão. Segundo relatório enviado à Justiça, ela alerta que a "constituição de empresas" em nome de "familiares ou de pessoas de sua confiança poderia fazer lançar suspeita sobre seus arranjos".
Nélio Machado, advogado de Daniel Dantas, negou que ele tenha cometido os crimes atribuídos pela PF e relacionou sua prisão com a guerra pelo controle da Brasil Telecom.
A mulher do banqueiro, Maria Alice Carvalho Dantas, segundo a PF, era sócia de três empresas que fizeram movimentações suspeitas. Além disso, por uma conta pessoa física de Maria Alice passaram mais de R$ 21 milhões em menos de um ano, o que gerou um alerta do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
"(Ela) não teria fonte de renda para tanto, de onde podemos concluir a utilização desta conta para lavagem de valores em favor do grupo, uma vez que ela já é usada como "laranja" para abertura de empresas".
A PF também suspeita dos valores movimentados por Rafaela Dantas Rodenburg, filha de Verônica. Em outro e-mail interceptado, consta um extrato mensal do Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário com saldo de R$ 6,8 milhões. De acordo com a PF, há indícios de que são "recursos do próprio grupo Opportunity".
Os agentes relatam que Bernardo, outro filho de Verônica, pediu à mãe em e-mail uma empresa de capital fechado.
A PF também acusa um cunhado de Daniel Dantas (Arthur Joaquim de Carvalho) e um ex-cunhado (Carlos Rodenburgo, ex-marido de Verônica).


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