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Proximidade com o poder ajudou Dantas a erguer império de telecomunicações
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma década e meia, o
banqueiro baiano Daniel Dantas, 53, ergueu um império que,
só no ramo das telecomunicações, chega a R$ 17 bilhões. Para tal obra, usou como argamassa capital de parceiros,
além de uma vasta rede de conexões políticas tecida ao longo
de três governos (Collor, FHC,
Lula) e a despeito de cores partidárias.
Seus primeiros passos na trilha do poder político foram dados no antigo PFL, hoje DEM.
Aproximou-se do falecido senador Antonio Carlos Magalhães, por indicação de Mário
Henrique Simonsen, de quem
foi aluno. Chegou a conselheiro
do partido e teve o nome cotado
para assumir o Ministério da
Fazenda durante o governo
Fernando Collor.
Foi sócio do publicitário Nizan Guanaes na agência de publicidade DM9 e fez doutorado
no Massachusets Institute of
Technology, nos EUA.
Mas a grande oportunidade
de Dantas surgiu no governo
Fernando Henrique Cardoso.
Estimulado pelos tucanos a entrar no processo de privatizações do sistema Telebrás, ele
criou o Opportunity Fund.
Chamou para sócios a irmã Verônica Dantas -também detida pela PF- e o economista
Pérsio Arida, que foi presidente
do BNDES (1993-95) e do Banco Central (1995).
A ex-mulher de Arida, Elena
Landau, ocupou a diretoria de
privatização do BNDES durante o programa de desestatização. Em maio de 2002, Dantas
jantava com Fernando Henrique Cardoso no Palácio Alvorada, num episódio que escancarou o trânsito do banqueiro
com o poder federal.
Houve um outro momento
parecido em 2006, quando
Dantas se encontrou com o então ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça). A reunião
ocorreu na casa do senador Heráclito Fortes (PFL-PI), com a
presença dos deputados Sigmaringa Seixas (DF) e José Eduardo Cardozo (SP).
O tema da conversa com Bastos foi a suposta existência de
um dossiê contra a cúpula petista e o presidente Lula. Dantas reagia às pressões dos fundos de pensão (Petros, Previ e
Funcef) para retirar o Opportunity do controle da Brasil Telecom. O banqueiro foi acusado
de gestão fraudulenta e virou
algo das investigações da CPI
dos Correios.
A CPI revelaria que Telemig
Celular e Amazônia Celular,
ambas controladas por Dantas,
financiaram o esquema do
mensalão, através das empresas DNA Propaganda e SMPB
Comunicação, pertencentes a
Marcos Valério.
Valério, por sua vez, mantinha laços com o tesoureiro de
Lula, Delúbio Soares, que até o
mensalão tinha livre acesso ao
Palácio do Planalto. Dantas
buscou se aproximar de José
Dirceu (Casa Civil), algo que o
ex-ministro nega. Mas sabe-se
que o banqueiro pagou R$ 8,5
milhões ao advogado Antonio
Carlos de Almeida Castro, o
Kakay, amigo de Dirceu.
Dantas também pagou, por
meio da Brasil Telecom, R$ 1
milhão em honorários advocatícios a Roberto Teixeira, compadre de Lula. E, sabe-se, também contratou os serviços de
Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado e petista histórico.
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