São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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Opportunity age para tentar acalmar cliente


Segundo o jornal "Valor Econômico", volume de saques chegou a R$ 100 mi na terça-feira; média diária é de R$ 20 mi

Condições de liquidez estão, diz o banco, "absolutamente adequadas'; gestão dos fundos ficará com ex-diretor do BC Afonso Bevilaqua

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

Os executivos do Opportunity estão se desdobrando em duas frentes: tranqüilizar os clientes do banco -assustados com a prisão de Dório Ferman, que comandava a área de gestão de recursos- e manter a operação diária dos vários fundos operados pela instituição.
Oficialmente, o Opportunity informou que as condições de liquidez da instituição permanecem "absolutamente adequadas" e que, ao longo da terça-feira (quando houve a prisão de Daniel Dantas, Ferman e boa parte da diretoria), o saldo das movimentações realizadas por clientes em todos os fundos não ultrapassou 1,5% do patrimônio total administrado.
Ou seja, como o Opportunity gerencia R$ 16,9 bilhões em recursos de terceiros, a movimentação financeira feita pelos clientes anteontem somou cerca de R$ 250 milhões -inclui o total de depósitos e resgates.
Ontem, o Opportunity informou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que, com a prisão temporária de alguns de seus diretores, a gestão dos fundos ficará sob a supervisão do ex-diretor do Banco Central Afonso Bevilaqua.
Bevilaqua foi diretor de política econômica do BC por quatro anos, até pedir demissão, em março de 2007. Era considerado defensor ferrenho da ortodoxia monetária -a manutenção de juros altos para manter a inflação dentro da meta. Por isso foi alvo de críticas de dentro e de fora do governo.
Em agosto passado, após cumprir a chamada "quarentena" exigida para ex-diretores do Banco Central, Bevilaqua assumiu a gestão de recursos internacionais do Opportunity.
Com a prisão de Ferman, referência importante aos principais clientes, o Opportunity indicou uma tríade de executivos para, interinamente, comandar as operações da área de gestão de recursos: ao lado de Bevilaqua estarão Felipe Pádua, diretor de gestão, e Fernando Rodrigues, diretor comercial.
Ao jornal "Valor Econômico", Rodrigues afirmou que o volume de saques chegou a R$ 100 milhões após a prisão de Dantas, na terça-feira -contra uma média diária de R$ 20 milhões-, e considerou o volume pequeno diante do patrimônio da instituição. O Opportunity não informou dados relativos à movimentação financeira registrada ontem.
Na classificação da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), o Opportunity Asset Management ocupa hoje a 20ª posição no ranking de administração de recursos de terceiros, com um total de ativos de R$ 16,9 bilhões.
No ranking dos gestores de fundos de investimento, o banco ocupa a 15ª colocação, à frente de instituições estrangeiras do porte do Credit Suisse e do Citibank. Já no ranking do BC, que reúne todas as instituições financeiras que atuam no país, ocupa a 66ª posição.
Tecnicamente, o Opportunity é um banco múltiplo, com carteiras de investimento e comercial. Na prática, é focado na administração de recursos de seus clientes- geralmente, de altíssimo poder aquisitivo.
Hoje, oferece 12 fundos, nos quais os clientes precisam comprar cotas. Na maioria dos fundos, o cotista precisa fazer uma aplicação inicial de R$ 50 mil. Mas há fundos que exigem, já na entrada, R$ 500 mil.


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