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Senadores vão à tribuna criticar operação
Defesa solitária de Pedro Simon provoca bate-boca; congressistas do PSDB, do DEM, do PMDB e do PT atacam "espetacularização"
"Corremos o risco de sermos mal interpretados pela imprensa, de parecermos estar defendendo tubarões", disse o tucano Jereissati
ADRIANO CEOLIN
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de um dia de espanto
diante das prisões do banqueiro Daniel Dantas, do megainvestidor Naji Nahas e do ex-prefeito paulistano Celso Pitta,
os senadores resolveram abordar o tema de forma mais direta, o que provocou bate-boca no
início da sessão de ontem. Sete
senadores criticaram a atuação
da Polícia Federal. Um elogiou.
A confusão começou quando
Pedro Simon (PMDB-RS) defendeu a PF após congressistas
de PSDB, DEM, PMDB e PT
criticarem o que chamaram de
"show" e "espetacularização" o
modo como ocorreram as ações
da Operação Satiagraha.
"O que a gente sente é a sociedade revoltada no sentido de
que uma elite não é atingida
nunca e o povão só conhece a
cadeia. [A PF] está agindo com
uma competência real", disse
Simon. "A gente soube o trabalho desse cidadão [Dantas], a
bancada que ele tinha, a multidão de fatos relativos a ele. E,
na Justiça brasileira, o que a
gente conhece é exatamente isto: nada acontece", completou.
Simon discursou depois dos
tucanos Arthur Vírgilio (AM) e
Tasso Jereissati (CE). Os dois
exaltaram as declarações do
presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro
Gilmar Mendes, que criticou a
divulgação de imagens com Pitta, Dantas e Najas algemados.
"Corremos o risco de sermos
mal interpretados pela imprensa, de parecermos estar defendendo tubarões", disse Jereissati. "Evidentemente, a televisão foi chamada para fazer
aquela cena, para fazer uma humilhação, para fazer um verdadeiro estupro ao direito de defesa do cidadão", completou.
O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), disse que estranhou "o
comportamento da PF". "Que
está agindo com desenvoltura
nessas operações, mas que está
extrapolando no que toca ao
uso de algemas", disse. O momento mais tenso ocorreu
quando Simon discursava. Irritado, Virgílio subiu à tribuna
sem autorização do presidente.
Depois, mais calmo, voltou à
tribuna e eles fizeram as pazes.
Dizendo-se cansado de ser
chamado de "amigo de Daniel
Dantas", o senador Heráclito
Fortes (DEM-PI) afirmou que
"renuncia o mandato se aparecer uma conta, uma aplicação
em qualquer paraíso fiscal".
"E a partir de hoje, se quiserem dizer que eu sou amigo do
sr. Daniel Dantas, vou aceitar.
Isso me fará menos mal do que
se disserem que eu sou amigo
do Waldomiro [Diniz, ex-braço
direito de José Dirceu] ou de
quem carrega dólar na cueca",
afirmou, referindo-se a escândalos ligados ao PT.
No Congresso, há um clima
de temor com a possibilidade
de as investigações sobre Dantas, banqueiro com relações
próximas a tucanos, democratas e até petistas, revelarem
operações que possam trazer
dor de cabeça a congressistas.
O PT tenta usar o episódio
para demonstrar que partiu da
sigla a denúncia de envolvimento de Dantas no esquema
do mensalão na CPI dos Correios. Sobre a participação do
ex-deputado Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT-SP) como advogado do banqueiro, os petistas não escondem o constrangimento, ainda mais porque o ex-deputado ajudou na elaboração
do voto em separado que pediu
o indiciamento de Dantas.
Dantas e Nahas podem ser
convocados a depor na CPI dos
Grampos. O deputado Gustavo
Fruet (PSDB-PR) apresentou
ontem requerimento nesse
sentido. Dantas é acusado de
ter contratado a Kroll para espionar adversários. A empresa
é investigada pela CPI.
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