São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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Paulinho se contradiz no Conselho de Ética ao depor sobre doação

Deputado muda a versão dada no primeiro depoimento ao Conselho de Ética; advogado diz que pedetista se equivocou

Para o relator de processo, Paulo Piau (PMDB-MG), os dois depoimentos dados pelo congressista serviram para aprofundar as dúvidas

MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, caiu em contradição ontem, durante novo depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, sobre a doação do apartamento para a ONG Meu Guri pelo ex-conselheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) João Pedro de Moura.
Segundo o deputado, o depósito de R$ 37,5 mil realizado por Moura para a Meu Guri, presidida por Elza de Fátima Pereira, mulher de Paulinho, foi resultado de uma negociação envolvendo o apartamento. Ontem, Paulinho disse que foi feita uma procuração para que Elza vendesse o imóvel e revertesse os recursos para a entidade, mas o bem nunca foi efetivamente transferido à ONG.
Como o apartamento não foi vendido e acumulou dívidas, Moura, que é apontado como um dos principais envolvidos no esquema de desvio de recursos do BNDES, fez o depósito como forma de ajudar a instituição e "anular" a procuração.
No depoimento de anteontem, no entanto, Paulinho havia afirmado que Moura resolveu comprar de volta o apartamento por R$ 37,5 mil, porque o imóvel com as dívidas já estava em nome da ONG, que não podia reverter a doação.
O advogado do parlamentar, Leônidas Scholz, negou que seu cliente tenha mudado de versão. Disse que ele apenas cometeu um equívoco. "Ele se equivocou ontem [anteontem] na demonstração técnica, foi um erro de técnica jurídica. Não houve nenhuma escritura de doação de imóvel, apenas uma procuração de venda. Está tudo mais claro do que o sol do Mediterrâneo", afirmou.
Scholz negou que o depósito seja fruto de qualquer desvio de recursos e alega que o ex-assessor de Paulinho resolveu fazer a doação para ajudar as crianças da ONG após passar por problemas cardíacos.
Na defesa escrita do congressista, entregue ao conselho, aparece a segunda versão, com a cópia de uma procuração, datada de 2004, feita por Moura para que Elza vendesse o imóvel, sem a transferência efetiva.
O depoimento de ontem foi o segundo prestado por Paulinho ao conselho. O relator do processo, Paulo Piau (PMDB-MG), disse que os dois dias de oitiva serviram para aprofundar ainda mais as dúvidas. "Todas as dúvidas com relação ao apartamento permanecem. Não avançamos muito hoje [ontem], mas temos informações preciosas sobre o assunto", afirmou.
Os membros do conselho aprovaram ontem a realização de um novo depoimento secreto de Paulinho, desta vez para analisar o inquérito da Polícia Federal que descobriu a fraude no BNDES e corre em segredo de Justiça. O delegado da PF Rodrigo Levin e o diretor da Polícia Legislativa, Claudionor Rocha, também serão ouvidos pelos deputados.


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