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Paulinho se contradiz no Conselho de Ética ao depor sobre doação
Deputado muda a versão dada no primeiro depoimento ao Conselho de Ética; advogado diz que pedetista se equivocou
Para o relator de processo, Paulo Piau (PMDB-MG), os dois depoimentos dados pelo congressista serviram para aprofundar as dúvidas
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP), o Paulinho da
Força Sindical, caiu em contradição ontem, durante novo depoimento ao Conselho de Ética
da Câmara, sobre a doação do
apartamento para a ONG Meu
Guri pelo ex-conselheiro do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) João Pedro de Moura.
Segundo o deputado, o depósito de R$ 37,5 mil realizado
por Moura para a Meu Guri,
presidida por Elza de Fátima
Pereira, mulher de Paulinho,
foi resultado de uma negociação envolvendo o apartamento.
Ontem, Paulinho disse que foi
feita uma procuração para que
Elza vendesse o imóvel e revertesse os recursos para a entidade, mas o bem nunca foi efetivamente transferido à ONG.
Como o apartamento não foi
vendido e acumulou dívidas,
Moura, que é apontado como
um dos principais envolvidos
no esquema de desvio de recursos do BNDES, fez o depósito
como forma de ajudar a instituição e "anular" a procuração.
No depoimento de anteontem, no entanto, Paulinho havia afirmado que Moura resolveu comprar de volta o apartamento por R$ 37,5 mil, porque
o imóvel com as dívidas já estava em nome da ONG, que não
podia reverter a doação.
O advogado do parlamentar,
Leônidas Scholz, negou que seu
cliente tenha mudado de versão. Disse que ele apenas cometeu um equívoco. "Ele se equivocou ontem [anteontem] na
demonstração técnica, foi um
erro de técnica jurídica. Não
houve nenhuma escritura de
doação de imóvel, apenas uma
procuração de venda. Está tudo
mais claro do que o sol do Mediterrâneo", afirmou.
Scholz negou que o depósito
seja fruto de qualquer desvio de
recursos e alega que o ex-assessor de Paulinho resolveu fazer a
doação para ajudar as crianças
da ONG após passar por problemas cardíacos.
Na defesa escrita do congressista, entregue ao conselho,
aparece a segunda versão, com
a cópia de uma procuração, datada de 2004, feita por Moura
para que Elza vendesse o imóvel, sem a transferência efetiva.
O depoimento de ontem foi o
segundo prestado por Paulinho
ao conselho. O relator do processo, Paulo Piau (PMDB-MG),
disse que os dois dias de oitiva
serviram para aprofundar ainda mais as dúvidas. "Todas as
dúvidas com relação ao apartamento permanecem. Não avançamos muito hoje [ontem], mas
temos informações preciosas
sobre o assunto", afirmou.
Os membros do conselho
aprovaram ontem a realização
de um novo depoimento secreto de Paulinho, desta vez para
analisar o inquérito da Polícia
Federal que descobriu a fraude
no BNDES e corre em segredo
de Justiça. O delegado da PF
Rodrigo Levin e o diretor da
Polícia Legislativa, Claudionor
Rocha, também serão ouvidos
pelos deputados.
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