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Globalprev assessorou
fundo ligado ao Sebrae
DA SUCURSAL DO RIO
O chefe do Núcleo de Ação Estratégica da Presidência, Luiz
Gushiken, e o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, têm na militância petista e na amizade do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma trajetória em comum. As
relações entre os dois se cruzam
também profissionalmente.
Depois de perder duas licitações
para administrar o fundo de pensão dos funcionários do Sebrae, a
Globalprev Consultores Associados foi contratada por R$ 80 mil
para assessorar o Sebrae Previdência, entidade fechada de previdência complementar responsável pela criação do fundo. No
início do governo Lula, a Globalprev prestou um outro serviço ao
Sebrae por R$ 13 mil.
A Globalprev, que até o fim de
2002 se chamava Gushiken & Associados, teve entre seus sócios o
ex-ministro Luiz Gushiken. O diretor-presidente do Sebrae, Paulo
Okamotto, já foi tesoureiro do
Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC e tesoureiro de campanhas
eleitorais de Lula. Na ocasião de
sua posse na presidência do Sebrae, em janeiro deste ano, compareceram dez ministros, entre
eles Gushiken, e o presidente.
A Globalprev, que presta serviços de assessoria atuarial, tem
contratos com pelo menos mais
quatro fundos de pensão ligados a
estatais: Postalis (dos Correios),
Portus (do sistema portuário), Cifrão (Casa da Moeda) e Capaf
(Banco da Amazônia). O faturamento da empresa cresceu 63%
de 2002 para 2003.
O gerente de Administração e
Finanças do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e diretor-presidente do Sebrae Previdência,
Marcello José Mattoso D'Ávila,
afirmou que a Globalprev foi contratada pela qualidade do serviço
que presta e negou qualquer interferência de Gushiken.
"A escolha da Globalprev foi
minha. Não houve favorecimento
nem indicações políticas", disse.
D'Ávilla entrou no Sebrae em
maio de 2000, através de um processo seletivo público e foi incumbido de criar um plano de previdência complementar para os
funcionários da entidade. Ele explicou que, para levar o projeto
adiante, contratou a consultoria
Mercer, uma das maiores do
mundo em recursos humanos.
Em julho de 2002, o estudo
atuarial da Mercer foi aprovado
pelo Conselho Deliberativo do Sebrae, mas, diz D'Ávilla "carecia de
detalhamento para ser transformado num projeto operacional".
Em 2003, a Globalprev foi contratada para o detalhamento.
"A Mercer é uma empresa muito boa, mas muito cara. Contratamos, sem licitação, a Globalprev,
por R$ 13 mil, para assessorar e
orientar a legislação. A indicação
foi minha", justificou D'Ávilla.
Com sua aprovação pela Secretaria de Previdência Complementar, a direção do Sebrae Previdência resolveu, entre junho e outubro do ano passado, terceirizar a
administração do fundo. O Sebrae Previdência não é obrigado a
realizar qualquer tipo de licitação,
porque é uma entidade de direito
privado. Mesmo assim, D'Ávilla
disse que decidiu fazer um processo licitatório para contratar os
gestores do fundo nas três áreas
de administração: de ativos, do
plano e de serviços atuariais.
A Globalprev concorreu em
duas das três licitações, mas perdeu em ambas. Atualmente, os
administradores são os bancos
Bradesco, Itaú e Banco do Brasil
(ativos), a BB Previdência (plano)
e a Mercer (serviços atuariais).
De acordo com D'Ávilla, como
em outubro deste ano haverá eleições para a diretoria e para os
conselhos deliberativo e fiscal do
Sebrae Previdência, houve a necessidade de contratar novamente a Globalprev "para fazer uma
ponte com os novos dirigentes
que serão eleitos". Segundo ele, o
contrato, iniciado no fim de 2004,
é de R$ 80 mil e tem duração de
um ano. "Precisavam de alguém
que conhecesse a história do Sebrae. Como a Globalprev já tinha
feito o detalhamento do projeto,
conhece o não escrito do plano."
(LUCIANA BRAFMAN)
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