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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT X PT
Presidente do partido cogita desistir de candidatura e diz que preferiria dar lugar a nome que tivesse o apoio de 80% da sigla
Tarso faz críticas à antiga direção do PT
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião fechada com a bancada do PT na Câmara, o presidente do partido, Tarso Genro, foi
à carga contra a direção anterior,
ligada ao ex-ministro José Dirceu.
Mais uma vez, ele disse que o
partido foi contemplativo em sua
relação com o governo e cogitou a
hipótese de desistência da candidatura à presidência do PT, apontando como ideal um nome que
unifique 80% do partido. Na saída
do encontro, que durou cerca de
duas horas, Tarso disse que ele e
Dirceu têm opiniões divergentes.
"Somos [ele e Dirceu] dois quadros políticos com tradição partidária, que têm opiniões idênticas
em alguns temas, divergentes em
muitos outros. Isso determinou
inclusive que nós estivéssemos
permanentemente no partido fazendo um debate e até liderando
posições diferentes", afirmou
Tarso, que disse também que sua
relação pessoal com Dirceu permanece "normal e inalterada".
Ele admitiu as diferenças mesmo depois de ser procurado por
Dirceu, que decidiu conversar
com Tarso para esclarecer declarações do presidente do PT. Na
segunda-feira, Tarso disse que
preferiria que Dirceu não participasse das reuniões do partido.
O que acendeu a ira do atual
presidente, nomeado pelo partido
para um período transitório até a
eleição, não foi apenas a atuação
nos bastidores de Dirceu no último sábado, na reunião do Diretório Nacional. O ex-ministro bloqueou a principal medida sugerida por Tarso, que seria negar legenda para as próximas eleições
aos deputados que renunciarem.
Dirceu também foi contra processo rápido de expulsão do ex-tesoureiro Delúbio Soares, seu
aliado interno, argumentando
que ele tem direito a defesa.
Ontem, Dirceu afirmou que
"não tem problema com Tarso".
"Apóio Tarso e farei tudo por sua
eleição", disse.
No encontro com a bancada,
Tarso, no entanto, não poupou
críticas à direção anterior. Disse
que as relações das instâncias partidárias com o governo eram
"inexistentes". Em clima de campanha, prometeu mudanças. "As
indicações do partido para o governo, que deveriam constar em
ata, eram absolutamente informais. As questões não eram discutidas previamente. As relações
da bancada com o partido e do
partido com o governo precisam
de formalidade", defendeu.
Dirceu chegou atrasado, depois
do discurso de Tarso, e, quase no
final da reunião, pediu a palavra e
sentou à mesa.
O ex-ministro, em uma intervenção de oito minutos, procurou
desinflar a crise. Afirmou que não
teve interferência nenhuma com
relação à punição de Delúbio, mas
que é contra processo sumário.
Ele também disse que negar legenda aos deputados é um ato
inócuo, porque eles poderiam reverter a decisão na Justiça.
Dirceu negou ainda que esteja
conspirando internamente. Em
determinado momento, ele chegou a defender a candidatura de
Tarso à presidência do PT com
apoio do Campo Majoritário.
Mas deu sua alfinetada: "Quanto
à questão se tem ou não tem Campo Majoritário, quem vai decidir
isso é o partido".
O presidente do PT, no entanto,
deu ontem sinais ambíguos sobre
a disposição para continuar candidato. Em determinados momentos, chegou a ficar a um passo
de renunciar à candidatura, apesar de negar que vá fazê-lo.
Colaborou CATIA SEABRA, da Reportagem Local
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