São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005

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CLIMA

Publicitário ouve ameaça e discurso religioso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O depoimento do empresário Marcos Valério ontem na CPI do Mensalão foi marcado por discursos subjetivos e cenas inusitadas.
Um dos primeiros deputados a questionar Marcos Valério de Souza foi Wladimir Costa (PMDB-PA), que iniciou sua fala com a "saudação aos meus 6 milhões de irmãos do Estado".
Acabou sendo interrompido por três vezes pelo presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), pedindo objetividade e para que ele tratasse Marcos Valério de senhor, não de você. Costa perguntou se o empresário acreditava em Deus e ouviu: "Hoje mais do que nunca".
Depois disso, o deputado insistiu em discursar: "Em nome desse Deus, de sua esposa, de sua filhinha de 14 anos, em nome dessa criança que Deus colocou para ser anjo ao lado de nosso senhor Jesus Cristo [ele se referia ao filho do empresário que morreu de câncer], chega de omissão, de proteger tropa de políticos corruptos que não estão poupando nada, não. Querem ver você jogado no abismo. Não merecem qualquer tipo de proteção ou omissão de sua parte".
A cena inusitada coube à senadora Heloísa Helena, que não faz parte da CPI. Ela chegou ao local pedindo a palavra e dizendo ter ido até lá para "quebrar os dentes "do publicitário. Houve um burburinho geral e Marcos Valério ficou com cara de espantado.
O motivo da ira da senadora é que Marcos Valério, ao ler uma lista de sacadores de recursos na campanha de 98, citou uma certa Heloísa Helena.
A senadora disse ter recebido vários telefonemas para avisá-la e chegou lá dizendo ser "Lima de Moraes", não "Barras Escomini" -se referindo ao sobrenome da citada na lista.
Heloísa pediu retificação e foi interrompida pelo deputado Devanir Ribeiro (PT-PR), alegando que ela estava fazendo "discurso". O deputado João Fontes (PDT-SE) foi interceder em favor da senadora e ouviu de Ribeiro a advertência: "O senhor fique quietinho". Valério fez a retificação.
Marcos Valério repetiu várias vezes pedidos de desculpas ao Brasil por ter omitido informações no depoimento anterior, na CPI dos Correios.
Afirmou à CPI do Mensalão não ser petista, apesar de se dizer credor do PT. Ao ser questionado em que tinha votado nas eleições de 2002, Valério disse ter sido em Ciro Gomes no primeiro turno, não especificando o segundo.
Quando questionado se temia sua situação, Valério respondeu: "Eu sou de carne e osso e tenho medo quando fico sozinho devido ao tamanho que as coisas tomaram. É muito para mim. Eu morro de medo".


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