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CLIMA
Publicitário ouve ameaça e discurso religioso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O depoimento do empresário
Marcos Valério ontem na CPI do
Mensalão foi marcado por discursos subjetivos e cenas inusitadas.
Um dos primeiros deputados a
questionar Marcos Valério de
Souza foi Wladimir Costa
(PMDB-PA), que iniciou sua fala
com a "saudação aos meus 6 milhões de irmãos do Estado".
Acabou sendo interrompido
por três vezes pelo presidente da
CPI, senador Amir Lando
(PMDB-RO), pedindo objetividade e para que ele tratasse Marcos
Valério de senhor, não de você.
Costa perguntou se o empresário
acreditava em Deus e ouviu: "Hoje mais do que nunca".
Depois disso, o deputado insistiu em discursar: "Em nome desse
Deus, de sua esposa, de sua filhinha de 14 anos, em nome dessa
criança que Deus colocou para ser
anjo ao lado de nosso senhor Jesus Cristo [ele se referia ao filho
do empresário que morreu de
câncer], chega de omissão, de
proteger tropa de políticos corruptos que não estão poupando
nada, não. Querem ver você jogado no abismo. Não merecem
qualquer tipo de proteção ou
omissão de sua parte".
A cena inusitada coube à senadora Heloísa Helena, que não faz
parte da CPI. Ela chegou ao local
pedindo a palavra e dizendo ter
ido até lá para "quebrar os dentes
"do publicitário. Houve um burburinho geral e Marcos Valério ficou com cara de espantado.
O motivo da ira da senadora é
que Marcos Valério, ao ler uma
lista de sacadores de recursos na
campanha de 98, citou uma certa
Heloísa Helena.
A senadora disse ter recebido
vários telefonemas para avisá-la e
chegou lá dizendo ser "Lima de
Moraes", não "Barras Escomini"
-se referindo ao sobrenome da
citada na lista.
Heloísa pediu retificação e foi
interrompida pelo deputado Devanir Ribeiro (PT-PR), alegando
que ela estava fazendo "discurso".
O deputado João Fontes (PDT-SE) foi interceder em favor da senadora e ouviu de Ribeiro a advertência: "O senhor fique quietinho". Valério fez a retificação.
Marcos Valério repetiu várias
vezes pedidos de desculpas ao
Brasil por ter omitido informações no depoimento anterior, na
CPI dos Correios.
Afirmou à CPI do Mensalão não
ser petista, apesar de se dizer credor do PT. Ao ser questionado em
que tinha votado nas eleições de
2002, Valério disse ter sido em Ciro Gomes no primeiro turno, não
especificando o segundo.
Quando questionado se temia
sua situação, Valério respondeu:
"Eu sou de carne e osso e tenho
medo quando fico sozinho devido ao tamanho que as coisas tomaram. É muito para mim. Eu
morro de medo".
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