São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005

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Polícia Federal indicia sócio da Guaranhuns

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A Polícia Federal indiciou ontem o sócio da Guaranhuns José Carlos Batista por lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e crime contra o sistema financeiro. Foi o terceiro caso de indiciamento durante as investigações sobre os saques de dinheiro das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
O indiciamento foi feito depois de Batista se recusar a responder as perguntas durante interrogatório na sede da PF em Brasília. Ele estava resguardado por um salvo-conduto judicial que lhe deu "o direito de permanecer em silêncio durante sua oitiva".
Ao deixar a sede da PF em Brasília, Batista disse que não respondeu a nenhuma questão que lhe foi apresentada pelos policiais durante o depoimento e também se recusou a conceder entrevista. "Não tenho nada a dizer pra vocês, estou me reservando o direito de permanecer calado".
"Ele está considerando isso um caso político e vai prestar os esclarecimentos em juízo", disse o seu advogado, Ricardo Sayeg.
A empresa Guaranhuns, cujo endereço oficial é um terreno baldio, teria sido destinatária de mais de R$ 6 milhões saídos das contas do empresário mineiro. Segundo a PF, há evidências de que a empresa enviou dinheiro ilegalmente às Ilhas Cayman. Valério diz que a empresa foi um dos canais utilizados para repassar ao ex-deputado e presidente do PL, Valdemar Costa Neto, dinheiro oriundo de suas contas.
A PF ouviu ontem pela segunda vez Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL. Ele não mudou o teor de seu primeiro depoimento à PF, quando disse que os os saques em espécie que fez na agência do Banco Rural em Brasília foram entregues a Valdemar.
Lamas negou a versão de Valério segunda a qual o PL recebeu dinheiro por meio da Guaranhuns. Por causa dessa contradição, a PF quer realizar uma acareação entre Lamas e o empresário mineiro.
Segundo a diretora financeira da SMPB, uma das agências de Valério, Simone Vasconcelos, Jacinto e seu irmão Antonio receberam R$ 2,4 milhões entre setembro de 2003 e fevereiro de 2004.
Na semana passada, a PF já havia indiciado Rodrigo Barroso Fernandes, ex-tesoureiro da campanha de Fernando Pimentel (PT), prefeito de Belo Horizonte, e José Luiz Alves, assessor do ex-ministro e prefeito de Uberaba, Anderson Adauto (PL). Os dois aparecem em duas listas de sacadores na conta da SMPB, empresa de Valério utilizada como canal de distribuição de recursos.

Remessas suspeitas
A PF anunciou que enviaria ontem à CPI dos Correios informações sobre várias remessas de dinheiro enviadas às Ilhas Cayman por um banco estatal brasileiro via off-shore no Uruguai. No total, foram enviados mais de US$ 1 bilhão entre 1998 e este ano, segundo dados da investigação sobre o Banco Banestado.
Segundo a PF, existe apenas "uma relação temporal até agora" entre essas movimentações e as investigações no Congresso. A polícia se recusou a informar o nome dos bancos e da off-shore, sob a alegação de que a apuração ainda é "embrionária". Caberá à CPI decidir se é necessário abrir uma nova linha de investigação.
(FABIANO MAISONNAVE)


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