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Polícia Federal indicia sócio da Guaranhuns
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A Polícia Federal indiciou ontem o sócio da Guaranhuns José
Carlos Batista por lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e crime
contra o sistema financeiro. Foi o
terceiro caso de indiciamento durante as investigações sobre os saques de dinheiro das contas do
empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
O indiciamento foi feito depois
de Batista se recusar a responder
as perguntas durante interrogatório na sede da PF em Brasília. Ele
estava resguardado por um salvo-conduto judicial que lhe deu "o
direito de permanecer em silêncio
durante sua oitiva".
Ao deixar a sede da PF em Brasília, Batista disse que não respondeu a nenhuma questão que lhe
foi apresentada pelos policiais durante o depoimento e também se
recusou a conceder entrevista.
"Não tenho nada a dizer pra vocês, estou me reservando o direito
de permanecer calado".
"Ele está considerando isso um
caso político e vai prestar os esclarecimentos em juízo", disse o seu
advogado, Ricardo Sayeg.
A empresa Guaranhuns, cujo
endereço oficial é um terreno baldio, teria sido destinatária de mais
de R$ 6 milhões saídos das contas
do empresário mineiro. Segundo
a PF, há evidências de que a empresa enviou dinheiro ilegalmente às Ilhas Cayman. Valério diz
que a empresa foi um dos canais
utilizados para repassar ao ex-deputado e presidente do PL, Valdemar Costa Neto, dinheiro oriundo de suas contas.
A PF ouviu ontem pela segunda
vez Jacinto Lamas, ex-tesoureiro
do PL. Ele não mudou o teor de
seu primeiro depoimento à PF,
quando disse que os os saques em
espécie que fez na agência do Banco Rural em Brasília foram entregues a Valdemar.
Lamas negou a versão de Valério segunda a qual o PL recebeu
dinheiro por meio da Guaranhuns. Por causa dessa contradição, a PF quer realizar uma acareação entre Lamas e o empresário mineiro.
Segundo a diretora financeira
da SMPB, uma das agências de
Valério, Simone Vasconcelos, Jacinto e seu irmão Antonio receberam R$ 2,4 milhões entre setembro de 2003 e fevereiro de 2004.
Na semana passada, a PF já havia indiciado Rodrigo Barroso
Fernandes, ex-tesoureiro da campanha de Fernando Pimentel
(PT), prefeito de Belo Horizonte,
e José Luiz Alves, assessor do ex-ministro e prefeito de Uberaba,
Anderson Adauto (PL). Os dois
aparecem em duas listas de sacadores na conta da SMPB, empresa
de Valério utilizada como canal
de distribuição de recursos.
Remessas suspeitas
A PF anunciou que enviaria ontem à CPI dos Correios informações sobre várias remessas de dinheiro enviadas às Ilhas Cayman
por um banco estatal brasileiro
via off-shore no Uruguai. No total, foram enviados mais de US$ 1
bilhão entre 1998 e este ano, segundo dados da investigação sobre o Banco Banestado.
Segundo a PF, existe apenas
"uma relação temporal até agora"
entre essas movimentações e as
investigações no Congresso. A
polícia se recusou a informar o
nome dos bancos e da off-shore,
sob a alegação de que a apuração
ainda é "embrionária". Caberá à
CPI decidir se é necessário abrir
uma nova linha de investigação.
(FABIANO MAISONNAVE)
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