São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DNA recebe R$ 390 mi do BB em cinco anos

JANAÍNA LEITE
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil (BB) repassou R$ 390 milhões à agência de publicidade DNA entre 2000 e 2005. A maior parte do dinheiro foi liberada do início de 2003 até este ano. Nesse intervalo de tempo, o valor chegou a R$ 241 milhões (62% do total).
Os números foram informados pelo próprio BB à CPI dos Correios e incluem todos os gastos com ações de marketing promovidos pela DNA (veiculação de campanhas, promoções, organização de eventos etc.).
O banco está fazendo uma auditoria interna para apurar se os valores correspondem aos preços praticados no mercado e se o dinheiro despendido foi devidamente empregado.
De acordo com sócios da DNA, a comissão da empresa corresponde a algo entre 12% e 15% do total repassado.
A DNA é uma das empresas nas quais o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza é sócio. Marcos Valério é suspeito de operar um gigantesco esquema de caixa dois para irrigar as campanhas eleitorais de vários partidos, inclusive o PT.
Segundo denúncia do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Valério seria também o operador do "mensalão" -pagamento da mesada a parlamentares da base aliada.
A Polícia Federal, o Ministério Público e a Comissão Parlamentar de Inquérito também investigam o uso das empresas de Valério no repasse de verbas não-declaradas a deputados e partidos em troca de apoio ao governo.
Até a revelação dos números do BB, acreditava-se que os maiores créditos à DNA tinham vindo das empresas Telemig e da Amazônia Celular. As duas empresas pertencem a fundos de pensão, Citigroup e ao Opportunity, sendo o último responsável pela gestão das companhias.
Os sócios da DNA Francisco Castilho e Margareth Freitas explicaram que todos os créditos feitos por clientes da empresa referem-se exclusivamente a atividades publicitárias.

Oscilações bruscas
Conforme a Folha apurou, os repasses totais do BB à DNA foram crescendo ano a ano. Somaram R$ 41 milhões em 2000. Outros R$ 43 milhões foram contabilizados em 2001, ante R$ 65 milhões em 2002 e R$ 76 milhões no ano de 2003.
No ano passado, o total bateu em R$ 111 milhões (um salto de 170,73% em quatro anos). Em 2005, o valor escriturado corresponde a R$ 53 milhões.
Chamou a atenção da equipe que faz um pente-fino nos dispêndios do BB com a DNA o crescimento expressivo de alguns itens entre 2003 e 2004.
Exemplo é a rubrica "produção/aquisição", que passou de R$ 2,7 mil para R$ 5 milhões entre um ano e outro. O valor repassado para a veiculação de outdoors também aumentou no período, de R$ 343 mil para R$ 943 mil.
Em contrapartida, há números que diminuíram bastante entre 2003 e 2004, como o item "reprodução/fotolito".
Essa rubrica caiu de R$ 194 mil para R$ 5.300 nesse intervalo de tempo. O mesmo aconteceu com prestação de serviços, o montante baixou de R$ 3,4 milhões para R$ 1,9 milhão.


Texto Anterior: Polícia Federal indicia sócio da Guaranhuns
Próximo Texto: Elio Gaspari: O filme da pizza queimada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.