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DNA recebe R$ 390 mi
do BB em cinco anos
JANAÍNA LEITE
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil (BB) repassou R$ 390 milhões à agência de
publicidade DNA entre 2000 e
2005. A maior parte do dinheiro
foi liberada do início de 2003 até
este ano. Nesse intervalo de tempo, o valor chegou a R$ 241 milhões (62% do total).
Os números foram informados
pelo próprio BB à CPI dos Correios e incluem todos os gastos
com ações de marketing promovidos pela DNA (veiculação de
campanhas, promoções, organização de eventos etc.).
O banco está fazendo uma auditoria interna para apurar se os valores correspondem aos preços
praticados no mercado e se o dinheiro despendido foi devidamente empregado.
De acordo com sócios da DNA,
a comissão da empresa corresponde a algo entre 12% e 15% do
total repassado.
A DNA é uma das empresas nas
quais o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza é sócio.
Marcos Valério é suspeito de operar um gigantesco esquema de
caixa dois para irrigar as campanhas eleitorais de vários partidos,
inclusive o PT.
Segundo denúncia do deputado
Roberto Jefferson (PTB-RJ), Valério seria também o operador do
"mensalão" -pagamento da mesada a parlamentares da base aliada.
A Polícia Federal, o Ministério
Público e a Comissão Parlamentar de Inquérito também investigam o uso das empresas de Valério no repasse de verbas não-declaradas a deputados e partidos
em troca de apoio ao governo.
Até a revelação dos números do
BB, acreditava-se que os maiores
créditos à DNA tinham vindo das
empresas Telemig e da Amazônia
Celular. As duas empresas pertencem a fundos de pensão, Citigroup e ao Opportunity, sendo o
último responsável pela gestão
das companhias.
Os sócios da DNA Francisco
Castilho e Margareth Freitas explicaram que todos os créditos
feitos por clientes da empresa referem-se exclusivamente a atividades publicitárias.
Oscilações bruscas
Conforme a Folha apurou, os
repasses totais do BB à DNA foram crescendo ano a ano. Somaram R$ 41 milhões em 2000. Outros R$ 43 milhões foram contabilizados em 2001, ante R$ 65 milhões em 2002 e R$ 76 milhões no
ano de 2003.
No ano passado, o total bateu
em R$ 111 milhões (um salto de
170,73% em quatro anos). Em
2005, o valor escriturado corresponde a R$ 53 milhões.
Chamou a atenção da equipe
que faz um pente-fino nos dispêndios do BB com a DNA o crescimento expressivo de alguns
itens entre 2003 e 2004.
Exemplo é a rubrica "produção/aquisição", que passou de R$
2,7 mil para R$ 5 milhões entre
um ano e outro. O valor repassado para a veiculação de outdoors
também aumentou no período,
de R$ 343 mil para R$ 943 mil.
Em contrapartida, há números
que diminuíram bastante entre
2003 e 2004, como o item "reprodução/fotolito".
Essa rubrica caiu de R$ 194 mil
para R$ 5.300 nesse intervalo de
tempo. O mesmo aconteceu com
prestação de serviços, o montante
baixou de R$ 3,4 milhões para R$
1,9 milhão.
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