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Em reunião com cientistas, Lula critica Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em evento de campanha com
cientistas ontem à noite em
Brasília, o presidente Lula fez
uma crítica ao ritmo de trabalho do Congresso Nacional.
Ao comentar a demora na
aprovação do Fundeb (Fundo
de Desenvolvimento da Educação Básica), Lula disse ter dúvidas sobre a votação da matéria.
"Eu não sei se vai ser aprovado até o final do ano, porque,
funcionando três dias por mês,
eu acho pouco provável que se
vote", declarou. A lentidão do
Congresso ocorre em virtude
da campanha eleitoral. Sem votações no plenário, apenas as
comissões estão funcionando.
O presidente também teve de
enfrentar constrangimentos ao
ser provocado a respeito do lucro recorde dos bancos.
"Poderia haver uma taxa de
10% cobrada do lucro dos bancos para financiar a tecnologia.
Mesmo assim, eles ainda ficariam contentes e não teriam do
que reclamar", disse Ennio
Candotti, presidente da SBPC
(Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência).
A menos de cinco metros de
distância de Lula, Candotti em
seguida afirmou que o governo
comete uma "ilegalidade" ao
contingenciar verbas para ciência e tecnologia.
Pouco antes, o presidente já
havia sido criticado pelo físico
Luiz Pinguelli Rosa, que reclamou do abandono de investimentos no setor hidrelétrico. O
evento contou com cerca de 50
cientistas. Apesar das críticas,
foi um ato de apoio, com vários
elogios ao presidente.
A Pinguelli, que presidiu a
Eletrobras no início do seu governo, Lula disse que muitas
usinas hidrelétricas estavam
paradas por problemas de licenciamento ambiental.
Lula anunciou também durante a reunião que seu programa de governo está quase pronto e terá três eixos: desenvolvimento, distribuição de renda e
educação.
O texto, que deve ser divulgado na semana que vem, deve ignorar a proposta de uma Constituinte para tratar da reforma
política. "Não cabe esse tipo de
proposta em um texto de programa de governo", disse Marco Aurélio Garcia, coordenador
do documento.
Também não deve haver
menção a temas polêmicos, como o fim da reeleição ou a mudança na duração do mandato
presidencial.
(FÁBIO ZANINI E PEDRO DIAS LEITE)
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