|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTIGO
A bela e a fera
DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Muito bom ver a musa da Copa, Fátima Bernardes, entrevistando a valente candidata
Heloísa Helena, no democrático "Jornal Nacional".
Vestida com um tailleur de
tweed pesado estilo Armani,
pronta para enfrentar uma
tempestade de neve no Alasca,
Fátima encarou HH, que vestia
uma de suas 450 singelas blusinhas de algodão. Aliás, blusinhas bem parecidas às que estão sendo vendidas na boutique
de Jean Paul Gaulthier em Paris neste verão (europeu),
por 350.
Heloísa Helena, que é conhecida como brava, estava um favo de mel; já entrou no ar sorrindo e chamou seus entrevistadores de "meu amor" e Fátima de "minha flor". É o Nordeste em sua plenitude, que
pode ser violento e também um
poço de carinho.
Heloísa Helena é tipo Brizola, não deixa ninguém falar; foi
difícil, para Bonner e Fátima,
conseguirem fazer perguntas à
candidata. Diante de algumas
delas, HH respondeu sorrindo,
sorrindo como se estivesse numa sala de aula ensinando pacientemente a um aluno ingênuo (como quando explicou a
diferença entre programa de
partido e programa de governo). E quando disse a Fátima
"mas minha flor, eu devo entender mais de reforma agrária
do que você", aí ela fechou.
Em alguns momentos a candidata foi aquela que conhecemos: agressiva e violenta, aquela que dá medo. O mesmo tipo
de medo que Lula passava, antes de ter se tornado "Lulinha
paz e amor".
Mas duvido que, se eleita,
HH vá frustrar quem votou nela e virar outra pessoa, como
aconteceu com Lula. Porque
Heloísa Helena é mulher, e
mulheres costumam ser confiáveis. Sorrisos, sim, para não
assustar os eleitores. Mas há
uma fera escondida por trás
desses sorrisos.
Mas já está na hora de cortar
uns dez centímetros do seu
rabo de cavalo -com todo o
respeito.
Texto Anterior: Em reunião com cientistas, Lula critica Congresso Próximo Texto: Grampos da PF ligam Cassol a suspeitos Índice
|