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Grampos da PF ligam Cassol a suspeitos
Gravações telefônicas mostram que o governador de Rondônia negociou nomeações no Tribunal de Contas do Estado
Nomeado conselheiro do TCE foi preso na semana passada na Operação Dominó; Cassol nega ter participado de articulações
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA ,EM PORTO VELHO
Grampos telefônicos feitos
pela Polícia Federal, em novembro de 2005 e em abril deste ano, mostram que o presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, Carlão de Oliveira (PSL), e o governador Ivo
Cassol (PPS) se articularam para nomeações para o TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Por meio de sua assessoria,
Cassol negou ontem participação nas negociações. Segundo
ele, as vagas eram da Assembléia e seu único papel foi assinar as nomeações.
As gravações mostram, no
entanto, que Cassol foi incumbido de convencer o conselheiro do TCE Amadeu Machado a
se aposentar, abrindo vaga para
a nomeação de Edilson de Souza Silva, na época advogado de
Carlão de Oliveira.
Silva e Carlão foram presos
na semana passada pela Polícia
Federal, durante a Operação
Dominó, por suspeita de participação num esquema de desvio de recursos públicos.
Além dos já citados, as articulações de novembro envolveram também o ex-governador
Osvaldo Piana Filho, o candidato ao Senado Expedito Júnior
(PPS), o então chefe da Casa Civil, Carlos Magno Ramos, e o
então auditor do TCE Valdivino Crispim de Souza.
A nomeação de Silva aconteceu em 17 de novembro. No dia
16 à noite, Carlão e Silva conversaram ao telefone durante
sete minutos. Silva estava à espera da impressão do "Diário
Oficial" com sua nomeação e
agradeceu o "presente" dado
por Carlão. Na conversa, eles
detalham a participação do governador nas negociações.
" O que será que o Ivo [Cassol] prometeu pra ele?", perguntou Carlão. Silva respondeu
que não sabia e acrescentou:
"Lá na minha frente, nada não.
[...] Mas foi assim, foi muito
tranqüilo. E ele [governador]
falou pro dr. Amadeu [...], isso
aqui foi um acordo que foi feito,
né? Que você depois concordou, entre eu Carlão, né? Que o
Carlão cumpriu a parte dele e
agora gostaria de cumprir a minha parte. Eu estava no interior
eu vim aqui só pra isso, só pra
assinar o decreto do Edilson e o
seu decreto de aposentadoria".
Em outro trecho, Silva comentou ter conversado com o
ex-governador Piana Filho, um
dos articuladores de sua nomeação. "O Piana tá encantado,
feliz também com você. "
Com Silva já conselheiro do
TCE, ele e Carlão se articularam, em abril deste ano, pela
nomeação do auditor Valdivino
Crispim de Souza para o cargo
de conselheiro. Juntos na articulação, segundo a investigação
da PF, aparecem Cassol, Magno
Ramos, Expedito Júnior e o auditor que pleiteia o cargo.
As articulações fazem com
que Crispim de Souza seja eleito com 19 votos para o TCE. No
dia 18 de abril, em telefonema
de Edilson Silva para Cassol,
eles comentam a eleição do novo conselheiro. Em um trecho
do diálogo, o governador pergunta sobre a eleição: "Já aprovou tudo aí?". Silva responde:
"Eu tô indo aí colher sua assinatura e levar o mais fresco
conselheiro de Rondônia".
Cassol disse que, na época da
nomeação de Silva, não existia
nada que o desabonasse. Sobre
as gravações, afirma que não se
responsabiliza por citações de
seu nome. A Folha não localizou Piana, Expedito e os advogados dos outros citados.
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