|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
1/3 dos senadores é alvo de inquérito ou ação na Justiça
27 dos 81 membros do Senado têm ocorrências em diferentes esferas; eles negam acusações
Denúncias vão de supostos crimes eleitorais, como a compra de votos, até uso de trabalho escravo ou danos ao patrimônio histórico
FERNANDO BARROS DE MELLO
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um terço dos senadores é alvo de inquéritos, ações penais
no STF (Supremo Tribunal Federal) ou acusações de irregularidades eleitorais ou cíveis. Levantamento feito pela Folha
nos dados de diversos tribunais
do país aponta que 27 dos 81 senadores do Brasil enfrentam
algum caso na Justiça.
O cálculo não leva em conta
litígios de natureza particular
ou movidos apenas por adversários políticos.
A revelação ocorre num momento em que o Senado enfrenta uma das piores crises de
sua história, na esteira de uma
série de denúncias contra seu
presidente, o senador José Sarney (PMDB-AP).
Dos 27 senadores com ocorrências na Justiça, 10 são da
oposição e 17 da base aliada. O
partido com maior número de
senadores citados na Justiça é
o PMDB, 8 de uma bancada de
19 congressistas (42%).
Do total de senadores com
ocorrências na Justiça, cinco
são suplentes que assumiram o
cargo com a saída do titular.
Esse é o caso de Roberto Cavalcanti (PRB-PB), que assumiu a vaga de José Maranhão
(PMDB), empossado governador da Paraíba, após a cassação
do tucano Cássio Cunha Lima.
Cavalcanti respondia na Paraíba por corrupção ativa e uso
de documento falso. O caso está agora no STF, onde há outro
inquérito por corrupção.
Membro da chamada "tropa
de choque" governista e de Sarney, Gim Argello (PTB-DF),
que assumiu após renúncia do
senador Joaquim Roriz
(PMDB-DF), é alvo de inquérito por apropriação indébita,
peculato, corrupção passiva e
lavagem de dinheiro. O caso está sob segredo de Justiça.
Outro aliado de Sarney, Wellington Salgado (PMDB-MG),
que assumiu a vaga de Hélio
Costa, é alvo de inquérito sob
acusação de crime contra a ordem tributária e apropriação
indébita previdenciária.
Vice-presidente do Senado,
Marconi Perillo (PSDB-GO)
responde a dois inquéritos no
STF que tratam de irregularidade em licitação pública e crime contra a administração.
A Procuradoria Geral da República fez parecer pelo recebimento de denúncia contra
João Ribeiro (PR-TO) em inquérito que trata de uso de trabalhador em condição análoga
a escravidão. O STF ainda não
decidiu. Outro inquérito, que
envolve o senador Mozarildo
Cavalcanti (PTB-RR), trata de
contrabando ou descaminho.
Líder do governo, Romero
Jucá (PMDB-RR) tem dois inquéritos no STF. Um deles trata de captação ilícita de votos e
corrupção eleitoral; outro, de
desvio de verbas públicas.
Valdir Raupp (PMDB-RO)
tem duas ações penais, sob acusação de gestão fraudulenta de
instituição financeira e crime
contra a administração pública. A Procuradoria Geral da República deu parecer pelo arquivamento no primeiro caso e fez
denúncia no segundo. Ambos
aguardam decisão. Raupp tem
mais três inquéritos.
O senador Expedito Júnior
(PR-RO) teve a cassação confirmada pelo TSE em junho,
sob acusação de abuso de poder
econômico e compra de votos.
Ele permanece no Senado.
Alvos na Justiça, alguns senadores ocupam a presidência
ou a vice-presidência de importantes comissões do Senado. Em alguns casos, a área de
atuação tem relação com as
acusações imputadas a eles.
Wellington Salgado, vice-presidente da Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania, é alvo de dois inquéritos
por crime contra a ordem tributária e apropriação indébita
previdenciária.
O senador Lobão Filho
(PMDB-MA), vice-presidente
da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática, é réu no STF
sob acusação de crime contra
as telecomunicações.
Cícero Lucena (PSDB-PB),
vice-presidente da Comissão
de Meio Ambiente, Defesa do
Consumidor e Fiscalização e
Controle, é réu em ação penal,
acusado de desvio de verba pública e fraudes em licitações.
Processo contra o presidente
da Comissão de Serviços de Infraestrutura, Fernando Collor
(PTB-AL), trata de falsidade
ideológica, peculato, tráfico de
influência e corrupção ativa.
O tucano Eduardo Azeredo
(MG), presidente da Comissão
de Relações Exteriores e Defesa Nacional, foi denunciado pela Procuradoria Geral da República por envolvimento no
mensalão mineiro, suposto esquema de desvio de verba ocorrido em 1998.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Outro lado: Senadores refutam acusações de processos Índice
|