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Começam escavações para achar mortos na guerrilha do Araguaia
Recolhimento das ossadas deve durar dois meses; exames de identificação saem até o final deste ano ou início de 2010
Dez pontos serão escavados, mas chances de encontrar restos em cada um diferem em função das alterações do solo nos últimos 40 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
Começa hoje a fase final das
buscas das ossadas dos mortos
na guerrilha do Araguaia (1972-1975), uma das questões insepultas da ditadura militar
(1964-1985) que mais mobilizam historiadores, jornalistas,
grupos de defesa dos direitos
humanos, familiares de desaparecidos e militares.
Após meses de identificação
de locais onde possam estar enterrados os restos mortais dos
desaparecidos, agora começam
os trabalhos de escavação, que
serão feitos em dez pontos.
Dificilmente serão encontradas todas as ossadas, mas eventuais achados serão importantes para a história da guerrilha.
Até hoje, os restos de apenas
dois guerrilheiros foram identificados: o de Maria Lúcia Petit
e o de Bergson Gurjão Farias,
reconhecido no mês passado.
A partir de hoje serão vasculhados o Dnit (antigo DNER) e
a região do Tabocão, onde um
mateiro que guiou os militares
na época apontou onde estariam duas ossadas.
Todas as escavações devem
durar dois meses. A diferença
nas chances de achar ossadas é
muito diferente entre as dez localidades, definidas nas duas
fases anteriores da missão.
Enquanto em algumas há indicações precisas de onde os
corpos foram enterrados e a
terra é a mesma há 40 anos, em
outros a floresta virou pasto, o
trator passou ou as coordenadas são bem menos pontuais.
Será usado um GPR (radar de
penetração do solo) para detectar onde há vestígios de alteração do solo e existência de objetos embaixo -o equipamento
não detecta se é osso ou não. O
que for encontrado será enviado ao IML (Instituto Médico
Legal) do Distrito Federal, onde serão feitas análises e exames, inclusive de DNA.
Isso pode demorar semanas
ou meses, dependendo do estado do que for encontrado. É
provável que só no final do ano
ou início de 2010 haja informações conclusivas sobre possíveis identidades dos mortos.
Estima-se que 60 militantes
de extrema esquerda, que decidiram montar um foco guerrilheiro armado no Araguaia para derrubar a ditadura, tenham
morrido. Segundo um dos líderes da repressão, Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió, ao menos 41 foram executados após serem rendidos.
As atuais buscas foram determinadas pela Justiça depois
que fracassaram todos os recursos do governo. Foi montada uma comissão de cerca de 30
pessoas, liderada pelo Ministério da Defesa e com apoio logístico do Exército.
Os integrantes da comissão
argumentam que essa é a maior
e mais bem equipada missão de
busca realizada até agora
-houve ao menos uma dezena
de missões anteriores.
(PEDRO DIAS LEITE)
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