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Advogado diz que vai pedir nulidade de ação contra Yeda
Processo movido pela Procuradoria pode ser caracterizado como "abusivo", diz Fábio Osório
Constituído anteontem pela tucana, advogado afirma que houve "excessiva espetacularização" do anúncio do processo
FLÁVIO ILHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PORTO ALEGRE
O advogado da governadora
Yeda Crusius (RS), Fábio Medina Osório, disse ontem, em entrevista coletiva em Porto Alegre, que irá pedir a nulidade da
ação de improbidade administrativa na qual Yeda é apontada
como parte de "quadrilha criminosa" responsável por desviar R$ 44 milhões do Detran.
Segundo ele, o processo, que
pede o afastamento da governadora do cargo, pode ser caracterizado como "abusivo".
"A governadora nem sequer
foi denunciada no juízo criminal. No STJ [Superior Tribunal
de Justiça], que é o juízo competente, a investigação ainda
está pendente", afirmou.
De acordo com o advogado,
em nenhuma das 20 mil ligações telefônicas interceptadas,
que serviram como base para o
processo, aparece a voz da governadora.
Para Osório, o processo movido pela Procuradoria feriu
pelo menos três regras administrativas de procedimento
funcional, entre elas o segredo
de Justiça. "Com todo o respeito que tenho pelo Ministério
Público Federal, a inicial acusatória merece ser levada ao crivo
do Conselho Nacional", disse.
Entre as razões apontadas
para justificar a nulidade da
ação também está a "excessiva
espetacularização" do anúncio
do processo, provocando "pressão indevida" envolvendo a
opinião pública. "Isso nos afigurou como uma violência ao
princípio democrático."
Além disso, o advogado da
governadora disse que o Ministério Público Federal desconheceu uma regra já firmada
pelo STF (Supremo Tribunal
Federal) de que crimes de responsabilidade envolvendo
membros do Executivo estadual não devem ser julgados
pela Justiça federal, mas, sim,
pelas assembleias legislativas.
Perfil
Osório foi nomeado pela governadora para defendê-la exclusivamente na ação de improbidade administrativa. O
advogado é especialista no tema. Ele foi constituído anteontem, no mesmo dia em que trechos da ação foram divulgados
pela OAB-RS. A entidade é favorável à divulgação integral da
denúncia. Em nota, diz que há
"clamor" da sociedade para que
a peça, composta de 1.239 folhas, se torne pública.
Osório foi secretário-adjunto
da Segurança do Estado de
2003 a 2005, na gestão do então secretário José Otávio Germano -um dos nove denunciados na ação do Ministério Público Federal. Germano nega
ter relação com os crimes.
De acordo com a denúncia da
Procuradoria, as fraudes tiveram início em junho de 2003
no Detran -órgão vinculado à
secretaria.
Nenhum procurador foi localizado pela reportagem até o
encerramento desta edição.
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