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MINISTÉRIO PÚBLICO
O vice José Alencar acusa o órgão de desrespeitá-lo em investigação
Para Dirceu, limite a poder de
procurador evitará "Gestapos"
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA ONLINE
O ministro da Casa Civil, José
Dirceu, defendeu ontem na TV a
criação de limites para o poder de
investigação do Ministério Público, afirmando ser "evidente a politização" do órgão, e acusou promotores de cometerem abusos
em suas investigações.
"Estão acontecendo abusos
inadmissíveis que, em alguns casos, estão se constituindo pequenas células que passam a investigar acima da lei. Não é que sejam
métodos heterodoxos, são métodos ilegais. A lei não permite. Está
evidente a politização. Há participação eleitoral que, muitas vezes,
acabam se envolvendo em disputas eleitorais", afirmou Dirceu em
entrevista ao programa "Espaço
Aberto", da GloboNews, ontem.
O ministro disse que promotores têm "que sofrer as conseqüências da lei, porque, senão, nós vamos ter pequenas Gestapos [polícia secreta do governo nazista alemão] funcionando no Brasil. É
muito perigoso. Se nós não resolvermos isso, o próprio Ministério
Público vai ficar desprestigiado".
A possível proibição a procuradores e promotores de comandarem investigações criminais por
conta própria é analisada pelo
STF (Supremo Tribunal Federal).
O julgamento foi interrompido
no começo do mês, com um placar favorável ao Ministério Público: 3 a 2. A expectativa é que o STF
opte por uma solução meio-termo, admitindo certos tipos de investigação, mas impondo restrições à atual forma de atuação.
Uma das possibilidades é aceitar que o Ministério Público complemente auditorias do fisco e sindicâncias de outros órgãos públicos, mas ficando proibido de realizar tarefas que seriam típicas da
polícia, como colher depoimentos de testemunhas.
Apesar dos duros ataques, o ministro José Dirceu tentou minimizar a polêmica envolvendo o órgão. "Sou contra que se aprove a
Lei de Mordaça, que se generalize
na crítica ao Ministério Público."
Dirceu afirmou ainda que não
atacará o órgão. "Eu, que muitas
vezes fui vítima do Ministério Público, jamais vou levantar a mão
para atacar. O que eu faço é não ficar quieto quando acontece algo."
Alencar
O vice-presidente José Alencar
criticou ontem o Ministério Público ao dizer que a instituição deve respeitar as pessoas que investiga, o que não aconteceu no caso
de uma ação civil pública movida
contra ele na semana passada.
No último dia 2, o Ministério
Público Federal em Minas acionou judicialmente o vice-presidente e a Encorpar, empresa da
qual é sócio majoritário, por
"fraude ao mercado de capitais".
A suposta fraude teria se dado por
manipulação na compra e venda
de ações da empresa mineira Fiação e Tecelagem São José, em 98.
Alencar criticou o fato de ter tomado conhecimento da ação pela
imprensa e de não ter sido ouvido
previamente pela instituição.
O vice disse ainda que a CVM
(Comissão de Valores Mobiliários), em inquérito administrativo, considerou improcedentes as
acusações contra ele e sua empresa. O procurador Fernando Martins, autor da ação contra Alencar,
não foi localizado ontem à noite
para comentar as declarações.
Colaborou THIAGO GUIMARÃES, da
Agência Folha em Belo Horizonte
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