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Declaração foi
"infeliz", dizem
procuradores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Integrantes do Ministério Público criticaram e classificaram
de "infeliz" a declaração do ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, que comparou a instituição à Gestapo.
"Considero a comparação infeliz. O Ministério Público atua
estritamente dentro da legalidade. Eventuais abusos, que
podem existir em qualquer instituição, estão sendo apurados
pela corregedoria", afirmou o
procurador-geral da Justiça de
São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho.
Ele participou ontem do Encontro Nacional de Procuradores Gerais da Justiça, em Porto
Alegre. O interesse em limitar a
tarefa investigativa do Ministério Público, para Pinho, parte
de segmentos do governo que
se sentem incomodados.
"Com a Constituição Federal
de 1988, o Ministério Público
passou a exercer uma nova
função em defesa dos interesses da sociedade, o que tem gerado reações de setores que se
sentem incomodados."
No encontro, os procuradores chegaram a elogiar, no entanto, a disposição demonstrada por Dirceu para o diálogo.
Bravatas
O presidente da Conamp
(Associação Nacional dos
Membros do Ministério Público), João de Deus Duarte Rocha, desafiou Dirceu a apontar
os nomes dos procuradores e
promotores que estão atuando
com motivações eleitorais,
além de provas ou indícios desse desvio, e protestou contra
"bravatas".
O ex-presidente da Conamp
Marfan Martins Vieira e o atual
presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores
da República), Nicolao Dino,
também reagiram contra a declaração de Dirceu.
Vieira disse que a instituição
atacada por Dirceu promoveu
investigações que "não raras
vezes serviram de plataforma
política quando seu grupo ainda almejava chegar ao poder e
que agora parece não mais lhe
ser interessante". Para ele, o
ministro emitiu "opiniões vazias" e recorreu a "retórica leviana e pueril".
Já Dino disse: "É absolutamente lamentável a afirmação
de que há risco de surgirem
"pequenas gestapos". Ele desmerece todo o trabalho da instituição".
O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Marco Aurélio de Mello disse que Dirceu
teve "um arroubo de retórica".
O STF deverá concluir em
outubro o julgamento sobre a
possibilidade de procuradores
e promotores conduzirem investigações criminais. A tendência é que reconheça esse
poder de atuação, mas deixe
expressa a necessidade de normas que coíbam abusos.
(LÉO GERCHMANN E SILVANA DE FREITAS)
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