São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Ataque de Marta ao PSDB, que teve a colaboração do marido da prefeita, saiu num tom acima do desejado, mas críticas vão prosseguir

Favre redigiu "discurso do medo" contra Serra

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Petistas ouvidos pela Folha disseram que o polêmico texto lido anteontem pela prefeita Marta Suplicy (PT), no qual afirmava que uma eventual vitória do candidato José Serra (PSDB) nas eleições para a Prefeitura de São Paulo significaria uma "crise política" de anos, teve um tom acima do desejado e contou com a caligrafia do marido da prefeita, Luis Favre.
A crítica aos tucanos, porém, deve dar a tônica da linha de campanha do PT na rua. No horário eleitoral gratuito, a intenção é manter o "paz e amor" almejado por Duda Mendonça. As críticas ao PSDB acontecerão mais em palestras ou entrevistas da candidata. As imagens não serão usadas no programa eleitoral.
A Folha conversou com petistas que participam ativamente da campanha de Marta. Dois deles confirmaram que o texto que a prefeita leu na Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) ganhou adendos de Favre, tornando-o mais "sexy".
A coordenação da campanha de Marta avalia que o fato de o PSDB levar o governador Geraldo Alckmin para a TV antecipou a discussão sobre a eleição presidencial em 2006 e que o PT precisava dar uma resposta aos tucanos.
Por conta disso, a comunicação da campanha preparou o texto "O que está em jogo", no qual aborda o aumento do nível de emprego, o crescimento econômico e até a "importância" de aprovar as PPPs (Parcerias Público-Privada).
A mão de Favre, de acordo com petistas ouvidos pela Folha, entrou nas críticas mais pesadas aos tucanos, principalmente no parágrafo que aborda a "escolha" à qual estará submetido o eleitor paulistano e a suposta "crise" política, caso Marta perca a eleição.
Integrante da coordenação de campanha de Marta, Favre tem, entre suas incumbências, coordenar a comunicação.
Às 21h10 de anteontem, após a repercussão das declarações da candidata, o site da petista trazia um texto, assinado pela coordenação de imprensa, intitulado "Quando falta argumento (ou memória), vem a pancadaria".
Neste, a frase sobre a suposta crise advinda de eventual vitória de Serra já não aparecia. Com o novo texto, o PT quis retornar a discussão para a federalização da campanha, como era a intenção primeira do discurso. Para justificar as declarações da prefeita, o texto recorria a uma reportagem da Folha, de três meses atrás, intitulada "Serra diz que eleição municipal é atalho para volta do PSDB ao poder".
A reportagem da Folha noticiava que um seminário tucano ocorrido em 8 de junho, em Brasília, orientou seus candidatos a usarem como estratégia eleitoral os ataques ao governo Lula.
Ontem, o coordenador geral da campanha de Marta, Ítalo Cardoso, negou que a intenção do PT seja adotar a linha do medo. Ele também negou que haja uma mudança na linha da campanha.
O presidente nacional do partido, José Genoino, disse que "quem começou radicalizando foram os tucanos". Genoino criticou o governador Alckmin "por ir à TV e dizer que só com Serra ajudará São Paulo".
A Folha tentou ontem falar com Luis Favre e com o publicitário Duda Mendonça para que comentassem o discurso da petista, mas nenhum deles quis atender a reportagem.


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