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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Ataque de Marta ao PSDB, que teve a colaboração do marido da prefeita, saiu num tom acima do desejado, mas críticas vão prosseguir
Favre redigiu "discurso do medo" contra Serra
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Petistas ouvidos pela Folha disseram que o polêmico texto lido
anteontem pela prefeita Marta
Suplicy (PT), no qual afirmava
que uma eventual vitória do candidato José Serra (PSDB) nas eleições para a Prefeitura de São Paulo significaria uma "crise política"
de anos, teve um tom acima do
desejado e contou com a caligrafia
do marido da prefeita, Luis Favre.
A crítica aos tucanos, porém,
deve dar a tônica da linha de campanha do PT na rua. No horário
eleitoral gratuito, a intenção é
manter o "paz e amor" almejado
por Duda Mendonça. As críticas
ao PSDB acontecerão mais em palestras ou entrevistas da candidata. As imagens não serão usadas
no programa eleitoral.
A Folha conversou com petistas
que participam ativamente da
campanha de Marta. Dois deles
confirmaram que o texto que a
prefeita leu na Acrefi (Associação
Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) ganhou adendos de Favre, tornando-o mais "sexy".
A coordenação da campanha de
Marta avalia que o fato de o PSDB
levar o governador Geraldo Alckmin para a TV antecipou a discussão sobre a eleição presidencial
em 2006 e que o PT precisava dar
uma resposta aos tucanos.
Por conta disso, a comunicação
da campanha preparou o texto "O
que está em jogo", no qual aborda
o aumento do nível de emprego, o
crescimento econômico e até a
"importância" de aprovar as PPPs
(Parcerias Público-Privada).
A mão de Favre, de acordo com
petistas ouvidos pela Folha, entrou nas críticas mais pesadas aos
tucanos, principalmente no parágrafo que aborda a "escolha" à
qual estará submetido o eleitor
paulistano e a suposta "crise" política, caso Marta perca a eleição.
Integrante da coordenação de
campanha de Marta, Favre tem,
entre suas incumbências, coordenar a comunicação.
Às 21h10 de anteontem, após a
repercussão das declarações da
candidata, o site da petista trazia
um texto, assinado pela coordenação de imprensa, intitulado
"Quando falta argumento (ou
memória), vem a pancadaria".
Neste, a frase sobre a suposta
crise advinda de eventual vitória
de Serra já não aparecia. Com o
novo texto, o PT quis retornar a
discussão para a federalização da
campanha, como era a intenção
primeira do discurso. Para justificar as declarações da prefeita, o
texto recorria a uma reportagem
da Folha, de três meses atrás, intitulada "Serra diz que eleição municipal é atalho para volta do
PSDB ao poder".
A reportagem da Folha noticiava que um seminário tucano
ocorrido em 8 de junho, em Brasília, orientou seus candidatos a
usarem como estratégia eleitoral
os ataques ao governo Lula.
Ontem, o coordenador geral da
campanha de Marta, Ítalo Cardoso, negou que a intenção do PT
seja adotar a linha do medo. Ele
também negou que haja uma mudança na linha da campanha.
O presidente nacional do partido, José Genoino, disse que
"quem começou radicalizando
foram os tucanos". Genoino criticou o governador Alckmin "por ir
à TV e dizer que só com Serra ajudará São Paulo".
A Folha tentou ontem falar com
Luis Favre e com o publicitário
Duda Mendonça para que comentassem o discurso da petista,
mas nenhum deles quis atender a
reportagem.
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