São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Levantamento considera as pesquisas mais recentes nas 26 cidades, das quais 18 têm líderes que estão fora da margem de erro

Partidos pró-Lula lideram em 13 capitais

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pesquisas disponíveis sobre as eleições nas 26 capitais de Estados brasileiros mostram que há favoritos em 18 cidades -quando o primeiro colocado está sozinho na liderança, fora da margem de erro. Desses, 13 pertencem a partidos aliados ao governo Lula.
O levantamento da Folha considerou as pesquisas de opinião mais recentes nas 26 capitais. Para São Paulo e Fortaleza, são utilizados os resultados do Datafolha, instituto cuja metodologia apresenta a menor margem de erro.
É importante considerar a margem de erro de todos os institutos para não declarar primeiro colocado quem, na realidade, está empatado com o segundo. Há muitos casos de margem de erro de 4,9 pontos percentuais, para mais ou para menos. Neste ano, por força da lei, todos os institutos têm de divulgar as margens de erro -o Datafolha sempre fez isso.
Mesmo considerando as altas margens de erro das pesquisas, é possível identificar líderes isolados em 18 das capitais brasileiras. O partido com maior número de primeiros colocados é o PT, com cinco (Aracaju, Belo Horizonte, Palmas, Porto Alegre e Recife). É seguido pelo PSB, com quatro (João Pessoa, Macapá, Porto Velho e Natal). O PMDB tem dois (Campo Grande e Goiânia). PPS e PTB têm um cada um (Boa Vista e Belém, respectivamente).
As siglas de oposição ao governo Lula podem até reverter a situação em 3 de outubro. Hoje, só ostentam favoritos em cinco capitais. O PFL e o PDT estão na frente sozinhos em duas capitais cada um (Manaus e Rio e Maceió e São Luís, respectivamente). O PSDB lidera com folga só em uma: Cuiabá. Segundo o Ibope do último dia 30, o tucano Wilson Santos tem 35%, contra 24% de Sérgio Ricardo (PPS) -a margem de erro é de quatro pontos percentuais.

Quem tem chance
Por causa de margens de erro muito elevadas nos levantamentos à disposição, ainda é cedo para decretar uma vitória dos partidos pró-Lula nas capitais. Ainda assim, todas as contas possíveis acabam sendo favoráveis ao Planalto.
Quando se consideram todos os candidatos numericamente em primeiro nas pesquisas (quem está sozinho na frente e os que estão empatados, dentro da margem de erro, com o segundo colocado), além dos que estão em segundo embolados com os de cima, chega-se à seguinte conclusão:
1) governistas - PT, PMDB, PSB, PPS, PP, PTB e PC do B - possuem, juntos, 22 candidatos competitivos em todas as 26 capitais;
2) oposição - PFL, PSDB e PDT -têm 14 candidatos competitivos.
É argumentável que os oposicionistas têm menos siglas a representá-los. Esse cenário é decorrente da cooptação que o Planalto fez no último ano e meio. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a governar, basicamente, com PT, PL e PC do B. Hoje, incorporou na sua base aliada no Congresso várias siglas, inclusive o PMDB e o PP -este último, braço derivado da antiga Arena, a sigla que sustentou a ditadura militar de 1964 a 1985.
Hoje, os partidos de centro e centro-esquerda já dominam as grandes cidades e capitais -movimento que começou a tomar o contorno atual na eleição de 2000. Juntos, os partidos que apóiam a gestão Lula governam 18 capitais, contra oito das siglas de oposição.

Quem tirou vantagem
A julgar pelo que mostram as pesquisas até o momento, apenas dois partidos estão se aproveitando bem do fato de serem governo: PT e PSB. Outras siglas podem ficar alijadas dessas cidades que têm grande importância estratégica para as eleições seguintes.
É o caso do PL, partido ao qual pertence o vice-presidente da República, José Alencar, e que deu um apoio de primeira hora ao candidato Lula em 2002. O PL governa hoje três capitais (Manaus, Palmas e Rio Branco). Corre o risco de ficar sem nenhuma.
Em Palmas, o candidato do PT está na frente de Nilmar Ruiz (PL), que disputa a reeleição.
O PMDB é outra sigla que não parece estar tirando grande proveito da proximidade com Lula. A sigla governa hoje duas capitais (Campo Grande e Fortaleza). Deve manter Campo Grande e perder Fortaleza. Também aparece com chances em Teresina.
O PC do B, que, com nove deputados federais, conseguiu arrancar dois ministérios de Lula (Esportes e Coordenação Política), sofre para fazer valer a sua maior aposta em uma capital, o candidato Inácio Arruda, em Fortaleza.
A direção nacional do PT queria apoiar Arruda, mas os petistas locais lançaram candidata própria (Luizianne Lins). Arruda está hoje com 23% -Antonio Cambraia (PSDB) e Moroni Torgan (PFL) têm, respectivamente, 28% e 24%. Com 8%, Luizianne subtrai votos de esquerda que poderiam, em tese, dar a dianteira a Arruda.
Entre os oposicionistas, a grande vitória que parece mais certa até o momento será no Rio, com Cesar Maia (PFL) sempre aparecendo na frente do segundo colocado, Marcelo Crivella (PL). Mesmo assim, é uma vitória a ser relativizada, já que o prefeito diz ter bom relacionamento com Lula e que a gestão petista trata o Rio melhor do que as anteriores.


Texto Anterior: Ex-prefeito diz que dívida de SP é impagável
Próximo Texto: Vitória em SP assegura repercussão nacional
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.