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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Levantamento considera as pesquisas mais recentes nas 26 cidades, das quais 18 têm líderes que estão fora da margem de erro
Partidos pró-Lula lideram em 13 capitais
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pesquisas disponíveis sobre as
eleições nas 26 capitais de Estados
brasileiros mostram que há favoritos em 18 cidades -quando o
primeiro colocado está sozinho
na liderança, fora da margem de
erro. Desses, 13 pertencem a partidos aliados ao governo Lula.
O levantamento da Folha considerou as pesquisas de opinião
mais recentes nas 26 capitais. Para
São Paulo e Fortaleza, são utilizados os resultados do Datafolha,
instituto cuja metodologia apresenta a menor margem de erro.
É importante considerar a margem de erro de todos os institutos
para não declarar primeiro colocado quem, na realidade, está empatado com o segundo. Há muitos casos de margem de erro de
4,9 pontos percentuais, para mais
ou para menos. Neste ano, por
força da lei, todos os institutos
têm de divulgar as margens de erro -o Datafolha sempre fez isso.
Mesmo considerando as altas
margens de erro das pesquisas, é
possível identificar líderes isolados em 18 das capitais brasileiras.
O partido com maior número de
primeiros colocados é o PT, com
cinco (Aracaju, Belo Horizonte,
Palmas, Porto Alegre e Recife). É
seguido pelo PSB, com quatro
(João Pessoa, Macapá, Porto Velho e Natal). O PMDB tem dois
(Campo Grande e Goiânia). PPS e
PTB têm um cada um (Boa Vista e
Belém, respectivamente).
As siglas de oposição ao governo Lula podem até reverter a situação em 3 de outubro. Hoje, só
ostentam favoritos em cinco capitais. O PFL e o PDT estão na frente
sozinhos em duas capitais cada
um (Manaus e Rio e Maceió e São
Luís, respectivamente). O PSDB
lidera com folga só em uma: Cuiabá. Segundo o Ibope do último
dia 30, o tucano Wilson Santos
tem 35%, contra 24% de Sérgio
Ricardo (PPS) -a margem de erro é de quatro pontos percentuais.
Quem tem chance
Por causa de margens de erro
muito elevadas nos levantamentos à disposição, ainda é cedo para
decretar uma vitória dos partidos
pró-Lula nas capitais. Ainda assim, todas as contas possíveis acabam sendo favoráveis ao Planalto.
Quando se consideram todos os
candidatos numericamente em
primeiro nas pesquisas (quem está sozinho na frente e os que estão
empatados, dentro da margem de
erro, com o segundo colocado),
além dos que estão em segundo
embolados com os de cima, chega-se à seguinte conclusão:
1) governistas - PT, PMDB, PSB,
PPS, PP, PTB e PC do B - possuem, juntos, 22 candidatos competitivos em todas as 26 capitais;
2) oposição - PFL, PSDB e PDT
-têm 14 candidatos competitivos.
É argumentável que os oposicionistas têm menos siglas a representá-los. Esse cenário é decorrente da cooptação que o Planalto fez no último ano e meio. O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a governar, basicamente, com PT, PL e PC do B. Hoje, incorporou na sua base aliada
no Congresso várias siglas, inclusive o PMDB e o PP -este último,
braço derivado da antiga Arena, a
sigla que sustentou a ditadura militar de 1964 a 1985.
Hoje, os partidos de centro e
centro-esquerda já dominam as
grandes cidades e capitais -movimento que começou a tomar o
contorno atual na eleição de 2000.
Juntos, os partidos que apóiam a
gestão Lula governam 18 capitais,
contra oito das siglas de oposição.
Quem tirou vantagem
A julgar pelo que mostram as
pesquisas até o momento, apenas
dois partidos estão se aproveitando bem do fato de serem governo:
PT e PSB. Outras siglas podem ficar alijadas dessas cidades que
têm grande importância estratégica para as eleições seguintes.
É o caso do PL, partido ao qual
pertence o vice-presidente da República, José Alencar, e que deu
um apoio de primeira hora ao
candidato Lula em 2002. O PL governa hoje três capitais (Manaus,
Palmas e Rio Branco). Corre o risco de ficar sem nenhuma.
Em Palmas, o candidato do PT
está na frente de Nilmar Ruiz
(PL), que disputa a reeleição.
O PMDB é outra sigla que não
parece estar tirando grande proveito da proximidade com Lula. A
sigla governa hoje duas capitais
(Campo Grande e Fortaleza). Deve manter Campo Grande e perder Fortaleza. Também aparece
com chances em Teresina.
O PC do B, que, com nove deputados federais, conseguiu arrancar dois ministérios de Lula (Esportes e Coordenação Política),
sofre para fazer valer a sua maior
aposta em uma capital, o candidato Inácio Arruda, em Fortaleza.
A direção nacional do PT queria
apoiar Arruda, mas os petistas locais lançaram candidata própria
(Luizianne Lins). Arruda está hoje com 23% -Antonio Cambraia
(PSDB) e Moroni Torgan (PFL)
têm, respectivamente, 28% e 24%.
Com 8%, Luizianne subtrai votos
de esquerda que poderiam, em tese, dar a dianteira a Arruda.
Entre os oposicionistas, a grande vitória que parece mais certa
até o momento será no Rio, com
Cesar Maia (PFL) sempre aparecendo na frente do segundo colocado, Marcelo Crivella (PL). Mesmo assim, é uma vitória a ser relativizada, já que o prefeito diz ter
bom relacionamento com Lula e
que a gestão petista trata o Rio
melhor do que as anteriores.
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