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Ex-prefeito diz
que dívida de
SP é impagável
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PP à Prefeitura
de São Paulo, Paulo Maluf, afirmou ontem ser "impossível" pagar a dívida do município, hoje
estimada em aproximadamente
R$ 28 bilhões -o Orçamento
municipal é de R$ 14,5 bilhões.
"Se alguém acha que pode pura
e simplesmente pagar a dívida está embrulhando a população.
Nem eu nem ninguém vai pagar a
dívida. Não sou profeta, sou honesto e sincero", afirmou o candidato ontem, durante sabatina realizada pelo jornal "Diário de
S.Paulo" num dos salões da Câmara Municipal de São Paulo.
Segundo Maluf, se eleito, o município poderá empenhar no máximo 13% da receita orçamentária
para tentar honrar pelo menos
parte da dívida. O caminho, segundo ele, é buscar a repactuação
do débito. E se o governo federal
não aceitar? "Daí, eu digo: devo,
não nego, pago quando puder."
Em maio do próximo ano, todos os municípios terão de se
ajustar aos índices de endividamento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Além dos 13% da receita
orçamentária que a Prefeitura de
São Paulo já repassa para a União,
o município, na avaliação de técnicos da área, teria que passar a
pagar parcelas quadrimestrais
que podem alcançar R$ 1,5 bilhão,
o que elevaria o valor destinado a
pagamento de juros e dívida ao
equivalente a quase 25% do Orçamento da capital paulista.
Maluf culpou diretamente o adversário tucano, José Serra, ex-ministro do Planejamento e da
Saúde do então presidente Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), pelo aumento da dívida e
isentou a prefeita Marta Suplicy
(PT) da responsabilidade.
Além de culpar o tucano pelos
juros "pornográficos", Maluf disse ter ficado "constrangido" ao
assistir Serra no programa eleitoral citando obras realizadas pelo
governador tucano Mário Covas,
morto em 2001. "É uma fraude."
O ex-prefeito afirmou ainda que
Serra, para aumentar o tempo no
horário eleitoral gratuito, buscou
o apoio do "ex-braço direito do
prefeito Celso Pitta", o deputado
Gilberto Kassab (PFL). "E Serra
foi quem mais criticou Pitta."
A assessoria de Serra informou
que o candidato não poderia se
manifestar porque, no momento
em que foi procurado pela reportagem, estava em um estúdio de
televisão para ser entrevistado.
Tensão
Durante a sabatina, Maluf se irritou com as perguntas sobre as
contas bancárias atribuídas a ele
no exterior -o candidato é investigado pelo Ministério Público Federal, pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Federal por
envio irregular de milhões de dólares para paraísos fiscais.
"Estou aqui para responder o
que vocês quiserem saber, mas
vocês não são um tribunal e eu
não sou um réu, sou candidato a
prefeito", afirmou o ex-prefeito,
que completou: "não vim para ser
insultado. Ninguém é mais honesto do que Paulo Maluf".
O diretor de Redação do "Diário
de S.Paulo", Paulo Moreira Leite,
rebateu. Disse não se tratar de um
julgamento, mas de uma obrigação dos jornalistas formular perguntas consideradas relevantes
para a discussão eleitoral.
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