São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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Ex-prefeito diz que dívida de SP é impagável

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PP à Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf, afirmou ontem ser "impossível" pagar a dívida do município, hoje estimada em aproximadamente R$ 28 bilhões -o Orçamento municipal é de R$ 14,5 bilhões.
"Se alguém acha que pode pura e simplesmente pagar a dívida está embrulhando a população. Nem eu nem ninguém vai pagar a dívida. Não sou profeta, sou honesto e sincero", afirmou o candidato ontem, durante sabatina realizada pelo jornal "Diário de S.Paulo" num dos salões da Câmara Municipal de São Paulo.
Segundo Maluf, se eleito, o município poderá empenhar no máximo 13% da receita orçamentária para tentar honrar pelo menos parte da dívida. O caminho, segundo ele, é buscar a repactuação do débito. E se o governo federal não aceitar? "Daí, eu digo: devo, não nego, pago quando puder."
Em maio do próximo ano, todos os municípios terão de se ajustar aos índices de endividamento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Além dos 13% da receita orçamentária que a Prefeitura de São Paulo já repassa para a União, o município, na avaliação de técnicos da área, teria que passar a pagar parcelas quadrimestrais que podem alcançar R$ 1,5 bilhão, o que elevaria o valor destinado a pagamento de juros e dívida ao equivalente a quase 25% do Orçamento da capital paulista.
Maluf culpou diretamente o adversário tucano, José Serra, ex-ministro do Planejamento e da Saúde do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), pelo aumento da dívida e isentou a prefeita Marta Suplicy (PT) da responsabilidade.
Além de culpar o tucano pelos juros "pornográficos", Maluf disse ter ficado "constrangido" ao assistir Serra no programa eleitoral citando obras realizadas pelo governador tucano Mário Covas, morto em 2001. "É uma fraude."
O ex-prefeito afirmou ainda que Serra, para aumentar o tempo no horário eleitoral gratuito, buscou o apoio do "ex-braço direito do prefeito Celso Pitta", o deputado Gilberto Kassab (PFL). "E Serra foi quem mais criticou Pitta."
A assessoria de Serra informou que o candidato não poderia se manifestar porque, no momento em que foi procurado pela reportagem, estava em um estúdio de televisão para ser entrevistado.

Tensão
Durante a sabatina, Maluf se irritou com as perguntas sobre as contas bancárias atribuídas a ele no exterior -o candidato é investigado pelo Ministério Público Federal, pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Federal por envio irregular de milhões de dólares para paraísos fiscais.
"Estou aqui para responder o que vocês quiserem saber, mas vocês não são um tribunal e eu não sou um réu, sou candidato a prefeito", afirmou o ex-prefeito, que completou: "não vim para ser insultado. Ninguém é mais honesto do que Paulo Maluf".
O diretor de Redação do "Diário de S.Paulo", Paulo Moreira Leite, rebateu. Disse não se tratar de um julgamento, mas de uma obrigação dos jornalistas formular perguntas consideradas relevantes para a discussão eleitoral.


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