São Paulo, domingo, 10 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / LEGISLATIVO

95% dos deputados estaduais disputam cargos

Atualmente, 54% dos parlamentares já estão ao menos no segundo mandato, mostra levantamento feito pela Folha

O líder isolado é José Lacerda Neto (PFL), que está em seu 11º mandato como deputado na Assembléia Legislativa da Paraíba

THIAGO REIS
JOÃO CARLOS MAGALHÃES

DA AGÊNCIA FOLHA

Dos 1.059 deputados estaduais do Brasil, 1.002 irão concorrer à reeleição ou a algum outro cargo eletivo neste ano -ou seja, 95% deles.
Hoje, 574 (54% do total) estão ao menos no segundo mandato. É o que mostra o levantamento feito pela Folha nas 26 Assembléias Legislativas e na Câmara Distrital, em Brasília. Há 264 deputados na segunda legislatura, 150 na terceira, 105 na quarta, 33 na quinta, 15 na sexta e seis na sétima.
O recordista isolado é José Lacerda Neto (PFL), que está em seu 11º mandato na Assembléia da Paraíba.
Em apenas quatro Assembléias há mais novatos do que veteranos: no Ceará, no Distrito Federal, no Espírito Santo e em Pernambuco. Nas outras 23, há mais reeleitos.
Segundo o cientista político Cláudio Couto, da PUC-SP, a longevidade dos mandatos "decorre de um eleitor que nem sequer lembra em quem votou anteriormente".
"Pode ser a perpetuação de uma plutocracia corrupta, de gente que consegue se reeleger graças à quantidade de dinheiro que consegue amealhar."
Para ele, no entanto, existe um aspecto positivo em ter mais tempo de Casa: a especialização do parlamentar. "Um deputado de longo histórico é quem conhece mais como as leis são feitas, como funciona o Parlamento. O problema é a classe política brasileira, que é abaixo da crítica, muito ruim."
De acordo com o levantamento, a região Sul é a que tem o maior número de deputados com no mínimo duas legislaturas: 59% (88 de 149). Nos três Estados (PR, SC e RS), dos 149 parlamentares, só nove não concorrem no atual pleito.
A Assembléia do Paraná e a de Alagoas são as campeãs em deputados veteranos: 63% do total. Já a Assembléia do Espírito Santo é a que tem mais novatos: só 33% cumprem mais de uma legislatura.
Para o cientista político Roberto Simões, da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), os escândalos na Assembléia capixaba durante a legislatura passada foram a causa dessa renovação. "Mudaram os nomes, mas não as práticas."
Couto reforça o argumento de Simões. "Pode-se trazer novatos para a política que são tão ruins ou até piores do que os que já estão aí", afirmou.

Política caseira
Só 57 deputados não disputarão nenhum cargo eletivo neste ano. A maioria, porém, tentará deixar em seu lugar um familiar. Na Paraíba, há mais de uma deputada que não se candidatou neste ano para apoiar o marido na disputa.
É o caso da deputada Edina Wanderley (PSDB), que fará campanha por Dinaldo Medeiros Wanderley, também tucano, com quem é casada.
Já em Sergipe, Lila Moura (PFL) tentará colocar o filho André Moura (PSC) em sua cadeira. No Rio Grande do Norte, o deputado Alexandre Cavalcanti (PP) desistiu da disputa para apoiar o irmão.
Problemas de saúde e desilusão política são os outros fatores que pesam na decisão dos deputados em não concorrer novamente à vaga.


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