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ELEIÇÕES 2006 / LEGISLATIVO
95% dos deputados estaduais disputam cargos
Atualmente, 54% dos parlamentares já estão ao menos no segundo mandato, mostra levantamento feito pela Folha
O líder isolado é José Lacerda Neto (PFL), que está em seu 11º mandato como deputado na Assembléia Legislativa da Paraíba
THIAGO REIS
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
Dos 1.059 deputados estaduais do Brasil, 1.002 irão concorrer à reeleição ou a algum
outro cargo eletivo neste ano
-ou seja, 95% deles.
Hoje, 574 (54% do total) estão ao menos no segundo mandato. É o que mostra o levantamento feito pela Folha nas 26
Assembléias Legislativas e na
Câmara Distrital, em Brasília.
Há 264 deputados na segunda
legislatura, 150 na terceira, 105
na quarta, 33 na quinta, 15 na
sexta e seis na sétima.
O recordista isolado é José
Lacerda Neto (PFL), que está
em seu 11º mandato na Assembléia da Paraíba.
Em apenas quatro Assembléias há mais novatos do que
veteranos: no Ceará, no Distrito Federal, no Espírito Santo e
em Pernambuco. Nas outras
23, há mais reeleitos.
Segundo o cientista político
Cláudio Couto, da PUC-SP, a
longevidade dos mandatos "decorre de um eleitor que nem
sequer lembra em quem votou
anteriormente".
"Pode ser a perpetuação de
uma plutocracia corrupta, de
gente que consegue se reeleger
graças à quantidade de dinheiro que consegue amealhar."
Para ele, no entanto, existe
um aspecto positivo em ter
mais tempo de Casa: a especialização do parlamentar. "Um
deputado de longo histórico é
quem conhece mais como as
leis são feitas, como funciona o
Parlamento. O problema é a
classe política brasileira, que é
abaixo da crítica, muito ruim."
De acordo com o levantamento, a região Sul é a que tem
o maior número de deputados
com no mínimo duas legislaturas: 59% (88 de 149). Nos três
Estados (PR, SC e RS), dos 149
parlamentares, só nove não
concorrem no atual pleito.
A Assembléia do Paraná e a
de Alagoas são as campeãs em
deputados veteranos: 63% do
total. Já a Assembléia do Espírito Santo é a que tem mais novatos: só 33% cumprem mais
de uma legislatura.
Para o cientista político Roberto Simões, da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), os escândalos na Assembléia capixaba durante a legislatura passada foram a causa
dessa renovação. "Mudaram os
nomes, mas não as práticas."
Couto reforça o argumento
de Simões. "Pode-se trazer novatos para a política que são tão
ruins ou até piores do que os
que já estão aí", afirmou.
Política caseira
Só 57 deputados não disputarão nenhum cargo eletivo neste
ano. A maioria, porém, tentará
deixar em seu lugar um familiar. Na Paraíba, há mais de
uma deputada que não se candidatou neste ano para apoiar o
marido na disputa.
É o caso da deputada Edina
Wanderley (PSDB), que fará
campanha por Dinaldo Medeiros Wanderley, também tucano, com quem é casada.
Já em Sergipe, Lila Moura
(PFL) tentará colocar o filho
André Moura (PSC) em sua cadeira. No Rio Grande do Norte,
o deputado Alexandre Cavalcanti (PP) desistiu da disputa
para apoiar o irmão.
Problemas de saúde e desilusão política são os outros fatores que pesam na decisão dos
deputados em não concorrer
novamente à vaga.
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