São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / POLÍTICAS PÚBLICAS

Na educação, Marta, Alckmin e Kassab têm índices inexpressivos

Petista e democrata aumentaram média da hora-aula em 0,1h; na gestão tucana, só melhorou o nº de professores com curso superior

Ângela Soligo, que coordena o curso de pedagogia da Unicamp, diz que média de alunos por turma tem de ser reduzida para menos de 30


FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os líderes na disputa pela prefeitura da capital conseguiram resultados pouco significativos nos índices do ensino fundamental (de 1ª a 8ª séries) na rede pública da cidade quando exerceram mandatos nos Executivos municipal e estadual.
A Folha apurou os resultados obtidos pelos candidatos nos seguintes indicadores da educação fundamental: taxa de abandono, taxa de reprovação, número médio de alunos por turma, média de hora-aula diária e percentual de professores com formação superior.
Especialistas na área de ensino consideram esses índices como os ideais para avaliar avanços ou retrocessos nas políticas educacionais. A base de dados usada pela reportagem foi a do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) do Ministério da Educação.
Na gestão de Marta Suplicy (PT), de 2001 a 2004, a média de hora-aula no ensino fundamental só aumentou 0,1- foi de 4 para 4,1. O número mínino indicado pelos pesquisadores da área de educação é de 5 horas de aula para os alunos desse ciclo de ensino.
O número médio de alunos por turma diminuiu de 36,5 para 35,8, o que representou queda de apenas 0,7 no índice na administração de Marta. A média recomendada pelos especialistas é de 25 a 30 alunos nas classes do ensino fundamental.
Em relação ao tucano Geraldo Alckmin, a reportagem considerou os dados das escolas estaduais que oferecem ensino fundamental na cidade de São Paulo- são cerca de mil unidades. O levantamento apurou as taxas de 2002 a 2005, período que compreende os anos em que Alckmin esteve à frente do governo do Estado durante 12 meses completos -em 2001, ele assumiu após a morte do governador eleito Mario Covas e em 2006 deixou o cargo para disputar a eleição para presidente da República.
De 2002 a 2005, a rede estadual de ensino fundamental da capital só obteve incremento em um índice: o percentual de professores com curso superior, que teve uma elevação de 74,6% para 84%.

Atual gestão
A reportagem também apurou os resultados da gestão do candidato e prefeito Gilberto Kassab (DEM). Como o INEP ainda não tabulou os dados do censo escolar de 2007, só estão disponíveis índices de 2005, quando Kassab era vice do atual governador José Serra (PSDB), e 2006, ano em que o atual prefeito assumiu.
Os números do INEP mostram que a gestão Serra/Kassab, a exemplo das de Marta e Alckmin, obteve resultados pouco expressivos.
Em relação ao número médio de alunos por turma, a atual gestão só promoveu uma redução de 0,5, na comparação com o último ano da administração anterior. Os resultados na média de hora-aula diária também não são significativos: a taxa cresceu 0,1 em 2005 e 2006.
Os três primeiros colocados na última pesquisa de intenção de voto do Datafolha conseguiram seus melhores resultados no percentual de professores com curso superior. A legislação federal estabelece que 100% dos docentes desse ciclo tenham a formação universitária. Nos períodos dos mandatos deles, Alckmin obteve um aumento de 9,4 pontos percentuais, Marta elevou a taxa em 8,1 pontos percentuais e Kassab conseguiu aumentar o número de docentes com curso superior em 4,7 pontos.
A coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Ângela Soligo diz que os resultados obtidos pelas administrações dos candidatos mostram avanços "insignificantes".
"Em relação à média de alunos por turma, por exemplo, é preciso melhorar muito ainda para baixar o número para menos de 30. Com salas muito cheias fica difícil para o professor realizar o acompanhamento ideal do desempenho dos estudantes", afirmou Soligo.


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