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Começa o processo de reabertura de Serra Pelada
Pesquisas indicam que garimpo ainda guarda R$ 3 bi em metais preciosos
Relatório entregue ontem deu início ao trâmite burocrático da concessão de lavra; expectativa é que produção comece em 2011
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Começou ontem o processo
oficial de reabertura de Serra
Pelada, considerado o maior
garimpo a céu aberto do mundo
na década de 1980 e que ainda
guarda quase R$ 3 bilhões em
metais em seu subsolo.
A Coomigasp (Cooperativa
de Mineração dos Garimpeiros
de Serra Pelada) entregou ontem ao DNPM (Departamento
Nacional de Produção Mineral)
em Belém (PA) relatório parcial das pesquisas feitas nos últimos anos, que identificou ao
menos 50 toneladas de ouro,
platina e paládio restantes.
Com isso, deu início ao trâmite burocrático da concessão
de lavra dos cem hectares onde
fica a cava, cratera com mais de
180 metros de profundidade da
qual, entre 1980 e 1983, dezenas de milhares de garimpeiros
vindos de todo o país tiraram
cerca de 30 toneladas de ouro.
Os resultados entregues ontem mostram apenas parte do
total, disse Gessé Simão, presidente da cooperativa. "É uma
pequena parcela", afirmou.
Ainda assim, esse relatório
parcial já supera antigas aferições da mineradora Vale, empresa que cedeu os direitos da
cava à Coomigasp em 2007,
quando a cooperativa já era reconhecida pelo governo federal
como a legítima representante
dos garimpeiros. Elas indicavam cerca de nove toneladas de
metal -ou seja, menos de 1/5
do que foi identificado agora.
Cenas diferentes
Quando recomeçar, o trabalho na mina não deve repetir as
cenas que rodaram o mundo há
mais de vinte anos nem gerar
um inchaço de Serra Pelada,
hoje um distrito de Curionópolis, no sudeste do Pará.
Com a perfuração descontrolada, a cava foi alagada e se tornou um lago. Assim, não é mais
possível praticar a antiga exploração manual, em que os homens buscavam as pepitas na
terra retirada de barrancos.
Agora, a retirada será subterrânea e feita com o maquinário
da SPCDM (Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento
Mineral), associação entre a
Coomigasp e a canadense Colossus Minerals Inc. criada para viabilizar a exploração -que
terá investimentos de US$ 100
milhões (R$ 182,4 milhões) e
deve durar ao menos oito anos.
Heleno Costa, vice-presidente da Colossus, disse que espera
conseguir até março do ano que
vem a concessão de lavra.
Se tudo correr conforme ele
espera, em meados de 2011 a jazida um dia chamada de "formigueiro humano" poderá produzir normalmente.
Mas tudo isso depende de o
DNPM aprovar os resultados
obtidos nas pesquisas e de o governo paraense dar a licença de
instalação da mina.
Os garimpeiros dizem ter o
apoio político do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) e
da governadora Ana Júlia Carepa (PT).
Acordo
A parceria com a Colossus
substituiu a anterior, de 2004,
firmada com a empresa norte-americana Phoenix Gems
-que, de acordo com a Coomigasp, não honrou os compromissos financeiros do contrato.
A reportagem não conseguiu
localizar ontem nenhum representante da Phoenix.
Segundo acordado em assembleia, a mineradora canadense ficará com 51% dos lucros, e a cooperativa com 49%
(que devem ser distribuídos
aos seus 45 mil sócios).
Mas, de acordo com o Singasp (Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada), uma das
associações de garimpeiros que
contesta a legitimidade da Coomigasp, o contrato assinado
prevê descontar dessa porcentagem os investimentos feitos
pela Colossus.
Ao final, disse Raimundo Benigno, presidente do sindicato,
sobrará aos garimpeiros menos
de um décimo do lucro obtido.
Em resposta, a cooperativa
afirma que essas cláusulas já foram renegociadas, e nega que
os associados se prejudicarão.
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