São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2001

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CÂMARA

Integrantes permanecerão os mesmos, contrariando sugestão de comissão que investigou suposta tentativa de extorsão

Líderes prorrogam prazo da CPI das obras por 40 dias

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Vinte dias depois de negar a prorrogação do prazo da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Obras Inacabadas na Câmara dos Deputados, os líderes partidários, por unanimidade, voltaram atrás e deram mais 40 dias para a comissão.
A CPI vai continuar com os mesmos integrantes e presidida pelo deputado Damião Feliciano (PMDB-PB), principal acusado de tentativa de extorsão de empresários para excluir suas empreiteiras das investigações. As acusações levaram os líderes a não conceder a prorrogação da CPI no mês passado.
A comissão de sindicância criada para investigar as acusações não conseguiu concluir se houve realmente tentativa de extorsão. A principal acusação partiu do líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Júnior (BA).
Ele contou que foi procurado por um empreiteiro, no dia 14 de setembro, que lhe relatou ter sido procurado por um emissário da CPI pedindo R$ 1,5 milhão em troca de não incluir sua empresa nas investigações.
Assim como Jutahy, deputados e outros líderes, que não quiseram ter seus nomes publicados, também haviam recebido acusações de tentativa de extorsão. Ontem seria o último dia da CPI.

Troca dos integrantes
Juntamente com o pedido de prorrogação da CPI, a comissão de sindicância havia proposto a troca de seus integrantes (18 titulares e 18 suplentes). "Ficou evidente a falta de sintonia entre os integrantes e a direção [dos trabalhos", o que gerou desorganização e completa falta de método na condução das investigações", concluiu a comissão.
Os líderes partidários se negaram a trocar seus indicados. "Seria expor os deputados a uma execração pública", afirmou o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE).
"Não vou trocar os deputados. Seria uma condenação. Se a comissão de sindicância diz que não tem provas, por que vou trocar os integrantes?", argumentou o líder do PTB, Roberto Jefferson (RJ).
A manutenção da composição da CPI poderá dificultar os trabalhos, de acordo com a comissão de sindicância. "Com a mesma composição, não vai adiantar nada. Não havia sintonia mínima. Funcionando assim, não levará a nada", disse o deputado Carlito Merss (PT-SC).

"Dúvida"
Para prorrogar os trabalhos da CPI, o presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves (PSDB-MG), líderes partidários e a comissão de sindicância argumentaram que o fim da CPI poderia favorecer empreiteiras que não queriam que as investigações fossem realizadas.
"Essa dúvida existe e, em razão dela, não gostaria de ver a CPI sepultada agora", afirmou Aécio.


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