São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2001

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NO AR

Plantão de terror

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Uma vez mais, ainda que não com o mesmo impacto dramático, o canal Al Jazeera abriu sua câmera.
Desta vez foi para o porta-voz da organização Al Qaeda. Ele falou num tom monocórdico, sem a presença cênica de Osama bin Laden. Mas usou palavras de assustar.
Chamou os "jovens muçulmanos" a atacar os Estados Unidos. Falou em jihad, mas o que pediu mesmo, abertamente, foi terrorismo:
- Os interesses americanos estão em toda parte, no mundo inteiro, e cada muçulmano deve cumprir seu papel para manter sua religião... Os americanos devem saber que a tempestade de aviões não vai parar.
Por mais que se exalte o canal do Qatar por sua cobertura isenta, aberta a todos os lados, ontem a sensação que deixou foi incômoda.
O que fez foi transmitir e retransmitir, para o público que Bin Laden queria alcançar, um plantão de terror.
Foi um chamado à violência que, uma vez mais, deixou jornalistas dos canais ocidentais sem saber o que dizer.
Christiane Amanpour, da CNN, comentou muito confusa que o novo pronunciamento era mais uma ação na "guerra de propaganda", agora voltada "claramente a tentar levar mais gente para as ruas".
Mas não, obviamente não era só isso.

 

É possível assistir ao canal Al Jazeera por satélite no Brasil, mas as imagens, segundo relato, são instáveis. Quem estiver interessado -e falar árabe- pode ter uma idéia do que ele vem cobrindo no site recém-lançado.
O endereço, para o qual o canal do Qatar já estuda uma versão em inglês, é www.aljazeera.net.
 

Passados três dias e três noites, já dá para dizer que a "nova guerra da América" -ou seja lá que nome venha a receber na história- não vai repetir a Guerra do Golfo, em qualidade de imagem.
A entrada em cena do videofone, um aparelho usado por Al Jazeera, CNN, BBC e demais, vem obrigando os telespectadores do mundo a se acostumarem com uma imagem verde ou cinza que mais parece de câmera de internet -ou de circuito interno de segurança.
O curioso é que, tanto quanto a praticidade do videofone, o que vinha estimulando o uso crescente do equipamento na CNN, desde o início do ano, era uma ação corrente nestes tempos globalizantes: o corte de custos.

nelsonsa@uol.com.br



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