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Surpreendido por agressividade de rival, petista vai estudar seus erros em debate
ADRIANO CEOLIN
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A agressividade de Geraldo
Alckmin no debate da Rede
Bandeirantes surpreendeu o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e seus principais auxiliares. Lula reverá o programa inteiro para estudar seus erros.
As principais falhas do presidente, na avaliação do governo,
teriam sido nervosismo em algumas respostas, excesso de
gesticulação e sorrisos quando
aguardava Alckmin fazer a pergunta e fala confusa ao citar dados em defesa de sua gestão.
Jaques Wagner, governador
eleito da Bahia e integrante do
comando da campanha de Lula,
disse ontem que o tucano se
comportou com "uma agressividade não-natural". Wagner
afirmou que Lula não é "máquina de fazer política" e que, por
isso, demonstrou "carga de
emoção" (nervosismo) quando
questionado sobre o dossiêgate
e escândalos de corrupção.
"Mais do que surpreso, pode
ter ficado decepcionado porque, mesmo sendo adversário,
a gente tinha uma expectativa
de que se poderia fazer um debate esclarecedor. Infelizmente, a única coisa que o candidato do PSDB queria esclarecer
era onde estava o dinheiro",
disse Wagner.
Jaques Wagner insistiu ontem na estratégia petista em dizer que, num possível governo
de Geraldo Alckmin, haverá
privatizações de empresas públicas como a Petrobras. Ele citou que, durante do governo
Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002), foram feitas gestões para "assassinar a empresa".
"Eu sou do ramo. E digo que
tudo o que foi feito na Petrobras durante o governo Fernando Henrique era a preparação para a venda ou para a degradação da empresa", disse.
O governador eleito afirmou
que Lula esperava que Alckmin
discutisse mais projetos político-administrativos em vez de
manter o debate em torno da
origem dos R$ 1,7 milhão -dinheiro apreendido com dois
petistas pela Polícia Federal no
fim do mês passado para ser
usado na compra de um dossiê
contra tucanos.
Wagner disse que Lula mudará de atitude nos próximos
debates. "Agora, muda porque
o elemento-surpresa não tem
mais. Muda porque parece que
está ficando claro que o mantra
do candidato Geraldo Alckmin
é esse mantra: cadê o dinheiro,
cadê o dinheiro [do dossiêgate]?"
"O presidente não é uma máquina de fazer campanha. Não
pode virar uma pedra de gelo.
Ele está apanhando há um ano
e pouco e essa carga de emoção
iria aparecer quando as perguntas fossem feitas", afirmou.
Bastidor
Na avaliação do governo, o
presidente não teria perdido o
debate, mas vencido. Segundo
estrategistas do presidente,
Alckmin teria transmitido imagem de antipatia ao criticar
muito duramente Lula. Pesquisas da campanha petista teriam
constatado essa avaliação no
eleitorado de renda mais baixa
e que estaria propenso a votar
em Alckmin.
Para a cúpula do governo, as
próximas pesquisas de opinião
mostrarão que o debate não terá efeito prejudicial para Lula.
Dizem que, se Lula apanhou na
questão ética, teria conseguido
colar três carimbos em Alckmin: o de que não teria política
social, de que sua indignação é
hipocrisia pois o PSDB abafou
investigações de corrupção e de
que o retomaria uma linha de
privatização de empresas públicas.
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