São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2006

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Surpreendido por agressividade de rival, petista vai estudar seus erros em debate

ADRIANO CEOLIN
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A agressividade de Geraldo Alckmin no debate da Rede Bandeirantes surpreendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais auxiliares. Lula reverá o programa inteiro para estudar seus erros.
As principais falhas do presidente, na avaliação do governo, teriam sido nervosismo em algumas respostas, excesso de gesticulação e sorrisos quando aguardava Alckmin fazer a pergunta e fala confusa ao citar dados em defesa de sua gestão.
Jaques Wagner, governador eleito da Bahia e integrante do comando da campanha de Lula, disse ontem que o tucano se comportou com "uma agressividade não-natural". Wagner afirmou que Lula não é "máquina de fazer política" e que, por isso, demonstrou "carga de emoção" (nervosismo) quando questionado sobre o dossiêgate e escândalos de corrupção.
"Mais do que surpreso, pode ter ficado decepcionado porque, mesmo sendo adversário, a gente tinha uma expectativa de que se poderia fazer um debate esclarecedor. Infelizmente, a única coisa que o candidato do PSDB queria esclarecer era onde estava o dinheiro", disse Wagner.
Jaques Wagner insistiu ontem na estratégia petista em dizer que, num possível governo de Geraldo Alckmin, haverá privatizações de empresas públicas como a Petrobras. Ele citou que, durante do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), foram feitas gestões para "assassinar a empresa".
"Eu sou do ramo. E digo que tudo o que foi feito na Petrobras durante o governo Fernando Henrique era a preparação para a venda ou para a degradação da empresa", disse.
O governador eleito afirmou que Lula esperava que Alckmin discutisse mais projetos político-administrativos em vez de manter o debate em torno da origem dos R$ 1,7 milhão -dinheiro apreendido com dois petistas pela Polícia Federal no fim do mês passado para ser usado na compra de um dossiê contra tucanos.
Wagner disse que Lula mudará de atitude nos próximos debates. "Agora, muda porque o elemento-surpresa não tem mais. Muda porque parece que está ficando claro que o mantra do candidato Geraldo Alckmin é esse mantra: cadê o dinheiro, cadê o dinheiro [do dossiêgate]?"
"O presidente não é uma máquina de fazer campanha. Não pode virar uma pedra de gelo. Ele está apanhando há um ano e pouco e essa carga de emoção iria aparecer quando as perguntas fossem feitas", afirmou.

Bastidor
Na avaliação do governo, o presidente não teria perdido o debate, mas vencido. Segundo estrategistas do presidente, Alckmin teria transmitido imagem de antipatia ao criticar muito duramente Lula. Pesquisas da campanha petista teriam constatado essa avaliação no eleitorado de renda mais baixa e que estaria propenso a votar em Alckmin.
Para a cúpula do governo, as próximas pesquisas de opinião mostrarão que o debate não terá efeito prejudicial para Lula. Dizem que, se Lula apanhou na questão ética, teria conseguido colar três carimbos em Alckmin: o de que não teria política social, de que sua indignação é hipocrisia pois o PSDB abafou investigações de corrupção e de que o retomaria uma linha de privatização de empresas públicas.


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