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Alckmin agiu como "delegado de porta de cadeia", diz Lula
Petista se queixa da falta de "nível" e afirma ter vivido um de seus dias mais tristes
"O cidadão é o samba de
uma nota só. Ele pegou tudo
que é matéria de jornal e
resolveu transformar no
programa dele", diz Lula
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após sofrer intensos
ataques de Geraldo Alckmin
(PSDB) no primeiro debate do
segundo turno, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva buscou sair da defensiva. Segundo
ele, o embate "foi um dos dias
mais tristes" que já viveu como
político, porque pensou não estar diante de um candidato,
mas sim "na frente de um delegado de porta de cadeia".
Surpreendido pelo tom
agressivo do tucano, Lula mostrou nervosismo nos dois primeiros blocos do debate, quando Alckmin questionou a origem do "dinheiro sujo" apreendido com petistas para comprar um dossiê contra o PSDB.
Em evento de campanha com
cerca de 30 cantores evangélicos no Palácio da Alvorada, organizado pelo senador Marcelo
Crivella (PRB), ele criticou o
tucano: "Confesso a vocês que
ontem foi um dos dias mais
tristes que eu vivi como político. Já debati com Ulysses Guimarães, com Brizola, com Mario Covas, com Aureliano Chaves, com Afif, com Collor, com
Serra, com Ciro Gomes, com
Garotinho, com Jânio Quadros,
com Franco Montoro. Tinha
um nível político assimilável no
debate. [Ante]ontem, eu pensei
que não estava na frente de um
candidato, pensei que estava na
frente de um delegado de porta
de cadeia", disse o presidente.
Lula acusou o tucano de bater na tecla da corrupção para
fugir do debate sobre programa
de governo: "Por que os nossos
adversários não querem discutir política econômica? Por que
eles não querem discutir política social? E vocês que viram o
debate ontem perceberam que
o cidadão é o samba de uma nota só. Ele pegou tudo que é matéria de jornal e resolveu transformar no programa dele".
E prosseguiu: "Aquela velha
sanfona quebrada que só faz o
mesmo som é o que eles estão
fazendo a campanha inteira".
Lula disse que possivelmente
é "o único brasileiro que governou este país nos últimos anos
que tem autoridade de falar em
corrupção" porque "eles não tiveram, não tiveram. Porque é
fácil não sair corrupção no jornal: é só engavetá-las".
E achou Alckmin "pedante":
"Vocês perceberam que tinha
dois projetos. O nosso, que representa os anseios da maioria
da população, e outro, que representa o jogo de interesse dos
grupos que tradicionalmente
mandam no Brasil desde que
Cabral aqui pôs os pés. Aquele
grupo de interesse arrogante,
pedante, aquelas pessoas que
falam com o nariz em pé", disse.
"Confesso a vocês que foi
triste, para mim e para minha
mulher. Eu imaginava que o debate político pudesse fluir para
ele dizer as coisas que ele queria dizer. O povo não quer ver
candidato ficar xingando um ao
outro, o povo quer saber o seguinte, o que é que vai fazer para melhorar a minha vida."
Sobre política econômica,
disse: "Resolvemos fazer a nossa politicazinha feijão com arroz com bife acebolado, que todo mundo gosta e ninguém reclama. Pode querer mais um bife, menos cebola, mas todo
mundo gosta de comer."
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