São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2006

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Candidatos patinam ao falar sobre educação

FABIANE LEITE
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de afirmarem que a área de Educação é prioridade, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) patinaram ao falar do tema no debate do último domingo.
Lula usou resultados dos alunos do Estado de São Paulo no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para criticar Alckmin. Afirmou que SP ficou em oitavo lugar na avaliação.
O tucano respondeu que o Enem não é critério para avaliar a Educação do Estado que governou. "O Enem é para vestibular", disse Alckmin.
A criadora do exame na gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Maria Inês Fini, professora aposentada da Unicamp, questionou a fala dos dois candidatos.
"Lula não sabe do que fala. O Brasil tem experiência maravilhosa que avalia escolas e sistemas que é o Saeb [Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica]. O Enem não foi criado para isso, foi criado para avaliação individual", disse. "O candidato Alckmin errou quando disse que o Enem é para fazer vestibular. Em hipótese alguma. O Enem é para apoiar a reforma do ensino médio. O Enem é para dar para cada participante uma referencia de auto-avaliação no final da escolaridade básica", continuou.
Ainda segundo Fini, outros objetivos do Enem são oferecer às universidades e ao mercado de trabalho alternativa para avaliação de candidatos.
Ainda falando de educação, Alckmin afirmou que a maioria das escolas estaduais funcionam em turnos de cinco ou seis horas. O candidato, no entanto, não mencionou que 167 colégios do Estado têm o chamado "turno da fome": período de aulas no horário do almoço, criado para dar conta da demanda. Nessas escolas, os professores trabalham em três turnos (manhã, almoço e tarde) que têm apenas três horas e quarenta minutos de aulas cada. O tucano também omitiu que ainda há 76 escolas de latão em SP.
Lula também atacou Alckmin afirmando que a cidade de SP aproveitou apenas 7 milhões das cerca de 30 milhões de bolsas do ProJovem -programa que dá R$ 100 para que jovens de 18 a 24 anos concluam o ensino fundamental. A explicação para o fato é mais complexa do que o problema político insinuado pelo petista. Segundo Ilona Becskeházy, do Instituto Gestão Educacional, a grande demanda é pela conclusão do ensino médio. O secretário de Assistência e Desenvolvimento Social da capital paulista, Floriano Pesaro, diz que chegou a ir ao rádio para chamar estudantes. Mas que R$ 100 não é oferta que atraia em São Paulo.


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