São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Deputados ligam dinheiro do dossiê a jogo do bicho

Integrantes da CPI dizem que fitas indicam que R$ 2.000 podem ter essa origem

"É dinheiro de casa de aposta, bicho e loteria. Parte com certeza é ilícita", afirma petista após reunião com delegado que investiga caso


HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

A Polícia Federal tem indícios, segundo afirmaram ontem deputados da CPI dos Sanguessugas, de que parte do dinheiro usado por petistas na tentativa de compra do dossiê contra tucanos é de origem ilícita e veio até de bancas do jogo do bicho do Rio de Janeiro.
Há quase um mês, a PF apreendeu em um hotel em São Paulo R$ 1,168 milhão e US$ 248,8 mil com Gedimar Passos, emissário do PT, e Valdebran Padilha, representante da família Vedoin.
Quatro membros da CPI se reuniram ontem com o delegado Diógenes Curado Filho, responsável pela investigação.
O deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE) disse que o dinheiro teve origem em "caixa dois, caixa três, caixa quatro". "É dinheiro não-contabilizado [que veio de] casa de aposta, bicho e loteria. Parte com certeza é ilícita", afirmou.
Segundo o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), há indícios de que dois maços de notas de R$ 100, somando R$ 2.000, vieram do jogo do bicho. Cada maço estava atado com um extrato emitido por máquina antiga de calcular, como ocorre nas bancas de apostas.
Abaixo havia um carimbo identificando caixa 118, em Duque de Caixas (RJ), e caixa 119, em Campo Grande, no Rio. A PF, segundo Sampaio, descobriu que não são identificações de agências bancárias.
"É coisa típica que se adota em jogo do bicho. Não posso afirmar que é, mas que há indícios. Disso não tenho a menor dúvida",disse o deputado.
"Um dinheiro que você não tem como contabilizar. Fruto de bingo, de jogo e de tudo que se puder imaginar", acrescentou Júlio Delgado (PSB-MG).
Ele disse que parte da quantia apreendida era formada por "notas miúdas" de R$ 5 e R$ 10, apontando que o dinheiro pode ter vindo de apostas de jogos. Para Delgado, a PF não conseguirá identificar grande parte do dinheiro.
Após uma reunião com o procurador da República em Cuiabá Mário Lúcio Avelar, Delgado afirmou que o Ministério Público pediu a quebra de sigilo bancário de sete envolvidos na negociação do dossiê.
Os alvos são Gedimar, Valdebran, Expedito Afonso Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil, Freud Godoy, ex-assessor da Presidência, Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, Jorge Lorenzetti e Osvaldo Bargas, que trabalhavam na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva.


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