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Sob Lula, plebiscito tem adesão mais baixa
Votação em consulta sobre reestatização da Vale mostra distância entre petistas e movimentos sociais
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem apoio da cúpula do PT, o
plebiscito referente à reestatização da mineradora Vale do
Rio Doce serviu para evidenciar ainda mais o distanciamento da cúpula do partido dos
movimentos sociais após a chegada do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva ao Planalto.
Em duas consultas populares
realizadas anteriormente, sobre a dívida com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) e a
entrada do Brasil na Alca, a área
de livre comércio das Américas,
ambas na gestão FHC (1995-2002), o partido ajudou a mobilizar 16 milhões de pessoas.
Mês passado, o plebiscito sobre a privatização da Vale, contrário aos interesses do Planalto e favorável à reestatização,
somou 3,7 milhões de votos.
Resultado fraco se comparado
ao da Alca -10,1 milhões.
Aprovado no 3º Congresso
do PT, em agosto, o apoio à consulta, encabeçada pelas pastorais sociais da Igreja Católica,
MST e CUT, desagradou Lula,
Ricardo Berzoini, presidente
da sigla, e até o ex-ministro José Dirceu, cabo eleitoral dos
plebiscitos anteriores, que não
se opôs à consulta, mas disse
ser contra a reestatização.
Para o deputado federal José
Eduardo Cardozo (SP), candidato de oposição à presidência
do PT em dezembro, o partido
precisa rediscutir sua relação
com os movimentos sociais.
"Ao PT cabe respeitá-los, mas
sem atrelá-los ao governo", diz.
Outros candidatos a presidente do PT pregam a autonomia dos movimentos sociais.
"Devemos potencializá-los para que eles pressionem ainda
mais o governo", disse Jilmar
Tatto (SP). Valter Pomar (SP)
rebate a tese de que o plebiscito
foi um fracasso se comparado
aos anteriores. "O tema da privatização é mais complexo."
Berzoini, candidato à reeleição, foi procurado pela Folha
mas não respondeu à solicitação para falar sobre o tema, assim como Dirceu.
Julio Turra, da CUT, aponta
as diferença entre o período
FHC e a gestão Lula. "O clima
não é o mesmo de antes da eleição do Lula, quanto havia muito mais gente na rua", disse.
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