São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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Sob Lula, plebiscito tem adesão mais baixa

Votação em consulta sobre reestatização da Vale mostra distância entre petistas e movimentos sociais

DA REPORTAGEM LOCAL

Sem apoio da cúpula do PT, o plebiscito referente à reestatização da mineradora Vale do Rio Doce serviu para evidenciar ainda mais o distanciamento da cúpula do partido dos movimentos sociais após a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto.
Em duas consultas populares realizadas anteriormente, sobre a dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e a entrada do Brasil na Alca, a área de livre comércio das Américas, ambas na gestão FHC (1995-2002), o partido ajudou a mobilizar 16 milhões de pessoas.
Mês passado, o plebiscito sobre a privatização da Vale, contrário aos interesses do Planalto e favorável à reestatização, somou 3,7 milhões de votos. Resultado fraco se comparado ao da Alca -10,1 milhões.
Aprovado no 3º Congresso do PT, em agosto, o apoio à consulta, encabeçada pelas pastorais sociais da Igreja Católica, MST e CUT, desagradou Lula, Ricardo Berzoini, presidente da sigla, e até o ex-ministro José Dirceu, cabo eleitoral dos plebiscitos anteriores, que não se opôs à consulta, mas disse ser contra a reestatização.
Para o deputado federal José Eduardo Cardozo (SP), candidato de oposição à presidência do PT em dezembro, o partido precisa rediscutir sua relação com os movimentos sociais. "Ao PT cabe respeitá-los, mas sem atrelá-los ao governo", diz.
Outros candidatos a presidente do PT pregam a autonomia dos movimentos sociais. "Devemos potencializá-los para que eles pressionem ainda mais o governo", disse Jilmar Tatto (SP). Valter Pomar (SP) rebate a tese de que o plebiscito foi um fracasso se comparado aos anteriores. "O tema da privatização é mais complexo."
Berzoini, candidato à reeleição, foi procurado pela Folha mas não respondeu à solicitação para falar sobre o tema, assim como Dirceu.
Julio Turra, da CUT, aponta as diferença entre o período FHC e a gestão Lula. "O clima não é o mesmo de antes da eleição do Lula, quanto havia muito mais gente na rua", disse.


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