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SÃO PAULO
Secretário quer ver que "limonada poderá fazer com meio limão"
Sayad diz não ter "mágica" para contas
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O futuro secretário municipal
das Finanças e Desenvolvimento
Econômico, João Sayad, disse ontem, durante entrevista coletiva,
que não tem nenhuma mágica
para, de imediato, aumentar a receita da Prefeitura de São Paulo e
obter recursos para saldar os restos a pagar que ficarão para a próxima administração, estimados
em R$ 1,875 bilhão por vereadores do PT e do PSDB.
Sayad afirmou que sua preocupação inicial será obter informações sobre a realidade financeira
do município para, a partir daí,
"ver que limonada se pode fazer
com esse meio limão que a administração vai receber".
Sayad disse que não irá declarar
moratória nos contratos que a
prefeitura mantém. "Não fazer
pagamento é um ato não-civilizado", declarou. "Vamos tentar obter o maior volume possível de recursos, respeitar nossos contratos
e renegociar o que for possível."
Quanto à implementação dos
projetos sociais do PT, Sayad disse: "Minha tarefa é conseguir os
recursos necessários para viabilizá-los". Os projetos aos quais o
novo secretário se refere são o
renda mínima, alfabetização de
adultos, bolsa-trabalho, "Banco
do Povo" e "Começar de Novo",
defendidos por Marta Suplicy durante sua campanha.
Ontem, o prefeito Celso Pitta
declarou que deixará para a prefeita eleita cerca de R$ 500 milhões de restos a pagar. Pitta disse
que o entendimento do Congresso de que a Lei de Responsabilidade Fiscal só se aplica a partir de 20
de outubro, quando entrou em vigor, não muda em nada a programação financeira da prefeitura.
"Temos adotado uma política
de austeridade. Houve uma redução substancial de despesas, de
forma a não deixar contas impagáveis", afirmou Pitta.
O prefeito disse que, até o fim da
gestão, conseguirá quitar praticamente todos os empenhos e que,
se ficar alguma pendência para a
administração petista, será deixada no Orçamento a verba reservada para pagar a dívida.
Restos a pagar são dívidas empenhadas e não pagas no ano. O
empenho é uma reserva para quitar um serviço contratado. Isso
não quer dizer, contudo, que o dinheiro exista, o que significa que a
conta pode não ser paga.
Sayad afirmou que vai "aprender as dificuldades mais imediatas" e, em seguida, fará um levantamento do que pode ser feito para "manter a cidade, num primeiro momento, funcionando de forma financeiramente correta".
"A situação é difícil porque a cidade tem muitos compromissos e
as dívidas e os atrasos são elevados", afirmou. O novo secretário
declarou que a primeira dificuldade que terá será administrar
um Orçamento herdado de outro
governo. "Temos preocupações
bastante fortes sobre isso."
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