São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2000

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SÃO PAULO
Secretário quer ver que "limonada poderá fazer com meio limão"
Sayad diz não ter "mágica" para contas

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O futuro secretário municipal das Finanças e Desenvolvimento Econômico, João Sayad, disse ontem, durante entrevista coletiva, que não tem nenhuma mágica para, de imediato, aumentar a receita da Prefeitura de São Paulo e obter recursos para saldar os restos a pagar que ficarão para a próxima administração, estimados em R$ 1,875 bilhão por vereadores do PT e do PSDB.
Sayad afirmou que sua preocupação inicial será obter informações sobre a realidade financeira do município para, a partir daí, "ver que limonada se pode fazer com esse meio limão que a administração vai receber".
Sayad disse que não irá declarar moratória nos contratos que a prefeitura mantém. "Não fazer pagamento é um ato não-civilizado", declarou. "Vamos tentar obter o maior volume possível de recursos, respeitar nossos contratos e renegociar o que for possível."
Quanto à implementação dos projetos sociais do PT, Sayad disse: "Minha tarefa é conseguir os recursos necessários para viabilizá-los". Os projetos aos quais o novo secretário se refere são o renda mínima, alfabetização de adultos, bolsa-trabalho, "Banco do Povo" e "Começar de Novo", defendidos por Marta Suplicy durante sua campanha.
Ontem, o prefeito Celso Pitta declarou que deixará para a prefeita eleita cerca de R$ 500 milhões de restos a pagar. Pitta disse que o entendimento do Congresso de que a Lei de Responsabilidade Fiscal só se aplica a partir de 20 de outubro, quando entrou em vigor, não muda em nada a programação financeira da prefeitura.
"Temos adotado uma política de austeridade. Houve uma redução substancial de despesas, de forma a não deixar contas impagáveis", afirmou Pitta.
O prefeito disse que, até o fim da gestão, conseguirá quitar praticamente todos os empenhos e que, se ficar alguma pendência para a administração petista, será deixada no Orçamento a verba reservada para pagar a dívida.
Restos a pagar são dívidas empenhadas e não pagas no ano. O empenho é uma reserva para quitar um serviço contratado. Isso não quer dizer, contudo, que o dinheiro exista, o que significa que a conta pode não ser paga.
Sayad afirmou que vai "aprender as dificuldades mais imediatas" e, em seguida, fará um levantamento do que pode ser feito para "manter a cidade, num primeiro momento, funcionando de forma financeiramente correta".
"A situação é difícil porque a cidade tem muitos compromissos e as dívidas e os atrasos são elevados", afirmou. O novo secretário declarou que a primeira dificuldade que terá será administrar um Orçamento herdado de outro governo. "Temos preocupações bastante fortes sobre isso."


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