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Colegas falam sobre escolha
DA REPORTAGEM LOCAL
Ex-colegas de ministério elogiaram a escolha de João Sayad para
o governo petista em São Paulo.
"Sayad tem experiência administrativa, é um economista criativo
e se saiu muito bem nos cargos
públicos que ocupou", diz o tucano José Serra, ministro da Saúde,
que também foi secretário do governo Franco Montoro (1983-1987), responsável pela área do
Planejamento.
Convidado por Tancredo Neves, Sayad saiu de São Paulo para
ser ministro do Planejamento de
José Sarney a partir de 1985. O
economista e o presidente desenvolveram a idéia de fazer um plano de combate à inflação. O Plano
Cruzado foi concebido por economistas que Sayad indicou: Pérsio Arida e André Lara Resende.
Sayad divergiu da correção brutal de preços de novembro de
1986, logo após a eleição na qual o
PMDB havia obtido 21 de 22 governos estaduais em disputa -o
que chegou a ser batizado de "estelionato eleitoral"-, e da decretação da moratória.
"A Marta fez muito bem em colocar um economista com quem
não tem intimidade para cuidar
do cofre", afirma o senador Antonio Carlos Magalhães, do PFL,
também colega de ministério de
Sayad no governo Sarney.
"É importante para São Paulo
contar com um secretário com a
experiência fazendária de Sayad",
diz Pérsio Arida. "Mas igualmente importante é a possibilidade
que a sua nomeação abre para o
espectro político: ela mostra que,
se chegar ao Planalto, o PT pode
escolher para presidente do Banco Central um economista independente como Sayad."
"Como Sayad acha que o controle do déficit público não é essencial, admite a inflação e é mais
intervencionista que a média dos
economistas brasileiros, ele tem
uma grande identificação com o
PT", declara o ex-ministro Mailson da Nóbrega, que há 20 anos
mantém relacionamento cordial e
divergente com o novo secretário.
"Com as dívidas da prefeitura e
a Lei de Responsabilidade Fiscal,
Sayad está com um enorme abacaxi na mão", prossegue Mailson.
"Ele vai ter que ter muita criatividade no cargo."
Para o ex-ministro, "seria bom
que Sayad contasse com a ajuda
da elite paulistana, principalmente nas áreas acadêmica e empresarial, onde ele tem bom trânsito,
para imaginar projetos que melhorem a a situação da cidade."
Casado há 14 anos com a empresária Cosette Alves, presidente
da Cinemateca de São Paulo, Sayad tem duas filhas de seu primeiro casamento, Cecília, que estuda
crítica cinematográfica na Universidade de Nova York, e Beatriz,
atriz do grupo Doutores da Alegria. É professor da Faculdade de
Economia e Administração da
USP, onde se formou, e articulista
da Folha.
(MSC)
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