São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Colegas falam sobre escolha

DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-colegas de ministério elogiaram a escolha de João Sayad para o governo petista em São Paulo. "Sayad tem experiência administrativa, é um economista criativo e se saiu muito bem nos cargos públicos que ocupou", diz o tucano José Serra, ministro da Saúde, que também foi secretário do governo Franco Montoro (1983-1987), responsável pela área do Planejamento.
Convidado por Tancredo Neves, Sayad saiu de São Paulo para ser ministro do Planejamento de José Sarney a partir de 1985. O economista e o presidente desenvolveram a idéia de fazer um plano de combate à inflação. O Plano Cruzado foi concebido por economistas que Sayad indicou: Pérsio Arida e André Lara Resende.
Sayad divergiu da correção brutal de preços de novembro de 1986, logo após a eleição na qual o PMDB havia obtido 21 de 22 governos estaduais em disputa -o que chegou a ser batizado de "estelionato eleitoral"-, e da decretação da moratória.
"A Marta fez muito bem em colocar um economista com quem não tem intimidade para cuidar do cofre", afirma o senador Antonio Carlos Magalhães, do PFL, também colega de ministério de Sayad no governo Sarney.
"É importante para São Paulo contar com um secretário com a experiência fazendária de Sayad", diz Pérsio Arida. "Mas igualmente importante é a possibilidade que a sua nomeação abre para o espectro político: ela mostra que, se chegar ao Planalto, o PT pode escolher para presidente do Banco Central um economista independente como Sayad."
"Como Sayad acha que o controle do déficit público não é essencial, admite a inflação e é mais intervencionista que a média dos economistas brasileiros, ele tem uma grande identificação com o PT", declara o ex-ministro Mailson da Nóbrega, que há 20 anos mantém relacionamento cordial e divergente com o novo secretário.
"Com as dívidas da prefeitura e a Lei de Responsabilidade Fiscal, Sayad está com um enorme abacaxi na mão", prossegue Mailson. "Ele vai ter que ter muita criatividade no cargo."
Para o ex-ministro, "seria bom que Sayad contasse com a ajuda da elite paulistana, principalmente nas áreas acadêmica e empresarial, onde ele tem bom trânsito, para imaginar projetos que melhorem a a situação da cidade."
Casado há 14 anos com a empresária Cosette Alves, presidente da Cinemateca de São Paulo, Sayad tem duas filhas de seu primeiro casamento, Cecília, que estuda crítica cinematográfica na Universidade de Nova York, e Beatriz, atriz do grupo Doutores da Alegria. É professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, onde se formou, e articulista da Folha. (MSC)


Texto Anterior: Não sou um conservador, afirma Sayad
Próximo Texto: Economista se licenciará de banco que dirige
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.