São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DENÚNCIA
Patrimônio de aliado de ACM cresceu mais que salário
Representante do governo baiano é demitido por suspeita de corrupção

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um processo de separação litigiosa entre o ex-representante da Bahia junto ao governo federal Rubens Gallerani e sua ex-mulher Mara Veloso Gallerani, acabou levando o aliado do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), à demissão ontem. No processo, que corre sigilosamente na 3ª Vara de Família da Justiça Federal, estão documentos que comprovam que o patrimônio de Gallerani cresceu além de seu salário.
Extratos bancários de uma conta numa agência do Unibanco nas Ilhas Cayman mostram um depósito feito em 1992 em valores que equivalem a mais de US$ 400 mil.
Os documentos anexados ao inquérito mostram que o envio do dinheiro era feito por intermédio da agência paraguaia do Banco del Paraná, o mesmo utilizado por doleiros envolvidos com o escândalo das contas CC-5.
Gallerani foi demitido depois da publicação dessas informações, ontem, em reportagem do jornal "Correio Braziliense". O jornal sustenta também que Gallerani intermediava contratos de empresas públicas com o setor privado em troca de propina enquanto ocupava o cargo de confiança do governador da Bahia. O jornal mostrou um contrato que torna Gallerani o representante da empresa ENEX numa concorrência da Empresa de Correios e Telégrafos no valor de R$ 50 milhões.
Uma das empresas que teria depositado dinheiro na conta de Gallerani -R$ 50 mil- foi a Aceco. A empresa teria começado a obter contratos com o Senado em 1996.
Com uma renda mensal estimada em R$ 8.500, Gallerani juntou, nos últimos 16 anos, um patrimônio avaliado em aproximadamente R$ 3 milhões. Segundo as provas apresentadas na Justiça, fazem parte do patrimônio duas lanchas, dois "jet-skis", cinco apartamentos, carros e uma casa em Boca Raton, balneário de classe média alta na Flórida (EUA).
Funcionário aposentado da Telebrás, Gallerani conheceu ACM no início dos anos 80, por intermédio do ex-senador baiano Lomanto Jr. Desde então, passou a estar com ACM no senado.
Segundo sua ex-mulher costuma dizer a pessoas próximas da família, Gallerani fez sua fortuna "à sombra de ACM".


Texto Anterior: Mudança não elevará receita, diz especialista
Próximo Texto: ACM afirma que desconfiava de bens de amigo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.