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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ABSOLVIÇÃO
Líder do PL recebeu o apoio até de deputados do PSDB, partido de sua acusadora
Câmara rejeita cassação de Mabel por 340 votos a 108
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados salvou ontem o primeiro mandato
de um deputado envolvido no escândalo do "mensalão", o do líder
do PL na Casa, Sandro Mabel
(GO). Por 340 votos sim, 108 não,
17 abstenções e 2 nulos, o plenário
da Câmara aprovou o parecer do
Conselho de Ética -feito pelo deputado Benedito de Lira (PP-AL)- que defendia a absolvição
de Mabel por falta de provas.
Logo após o anúncio do resultado, o líder do PL disse: "É o fim de
um pesadelo. Quando a gente tem
a verdade ao nosso lado, tudo caminha bem". Ele afirmou ainda
que pode se candidatar ao governo de Goiás no ano que vem.
A absolvição de Mabel já era esperada pelo plenário. Seu caso era
visto como "especial": contra ele
não há documentos provando a
retirada de dinheiro do "valerioduto" para financiar campanhas.
Havia duas acusações: uma feita
por Roberto Jefferson (PTB-RJ),
de que Mabel integrava o esquema de compra de deputados. A
evidência disso teria sido o crescimento expressivo do PL sob sua
liderança, que chegou a ter 53 deputados, tendo eleito apenas 26.
Depois da eclosão do escândalo, a
bancada diminuiu para 39 parlamentares. A outra acusação era
específica: a de que ele teria tentado comprar o passe da tucana Raquel Teixeira (GO) para seu partido, oferecendo a ela R$ 1 milhão
em "luvas" e R$ 30 mil mensais.
O argumento da falta de provas
é o mesmo usado sem sucesso pelo ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu (PT-SP), que já está mencionando o caso do deputado
goiano como precedente.
As CPIs dos Correios e do Mensalão apontaram em relatório
preliminar o envolvimento de 19
deputados com o suposto esquema. Antes da absolvição de Mabel, quatro deputados já haviam
renunciado -Valdemar Costa
Neto (PL-SP), Carlos Rodrigues
(PL-RJ), José Borba (PMDB-PR) e
Paulo Rocha (PT-PA)- e um deles foi cassado, Jefferson, o autor
da denúncia de "mensalão".
Restam agora 13 casos de parlamentares ligados ao "mensalão"
para serem decididos pela Câmara. O próximo a ir a voto em plenário deve ser o de José Dirceu, no
dia 23 de novembro, e depois dele,
o de Romeu Queiroz (PTB-MG),
que ontem teve a cassação aprovada pelo Conselho de Ética da
Câmara por 12 votos a 2.
"Está sendo feita justiça, o nome
dele [Mabel] nunca deveria ter sido envolvido nisso", disse Professor Luizinho (PT-SP), outro
ameaçado de cassação.
Mesmo na oposição Mabel tinha ampla maioria. Tanto que deputados do PSDB esforçavam-se
ontem em enfatizar que a absolvição do deputado não é um voto de
desconfiança na tese do "mensalão". "Uma coisa não está relacionada à outra, porque o caso de
Mabel é diferente de todos os outros, que sacaram recursos de caixa dois", disse o deputado Carlos
Sampaio (PSDB-SP), membro do
Conselho de Ética.
Os únicos a subir na tribuna para defender a cassação de Mabel
foram dois deputados do PSOL,
Luciana Genro (RS) e Babá (PA).
Genro, apesar de ser líder da bancada, não convenceu nem os dois
representantes do PSOL no Conselho de Ética -Chico Alencar
(RJ) e Orlando Fantazzini (SP)-
a defender a cassação.
A expectativa no PSDB era que
alguns deputados também tivessem votado pela cassação, em solidariedade à deputada Raquel.
Mas até Carlos Alberto Leréia
(PSDB-GO), que ajudou a acusar
Mabel, ontem mudou de idéia e
votou pela absolvição. "Minha linha é defender o que decide o
Conselho de Ética", justificou.
Colaborou SILVIO NAVARRO,
da Agência Folha, em Brasília
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