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"Para que tirar?", diz Lula sobre Meirelles
Presidente sinaliza a jornalistas que deve manter presidente do BC, mas, indagado diretamente, evita confirmar decisão
"Todos os ministros vão ficar... até o último dia do ano", brinca petista, que diz não existir nada sobre a ida de Jorge Gerdau ao governo
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou ontem que
manterá Henrique Meirelles
no Banco Central, mas, indagado diretamente, recuou, riu e
deixou no ar se pretende ou não
mexer no cargo estratégico.
Questionado por um grupo de
jornalistas no Itamaraty se tiraria ou não Meirelles no segundo mandato, Lula primeiro
respondeu: "Quem disse que eu
vou mudar? Para que tirar?"
Os jornalistas continuaram:
"Então, o senhor não vai mexer?" Lula riu, virou a cabeça e
tergiversou: "Lá vêm vocês. Eu
não disse isso". E acrescentou
que não estava confirmando
nada, apenas dizendo que, em
tese, o time foi bem no primeiro mandato e que as mudanças
vão depender de vários fatores.
Lula frisou que não decidiu
nada sobre o ministério, não sabe quem sai e quem entra e tudo depende das negociações
com os aliados. Ele esteve em
almoço oferecido pelo presidente do Peru, Alan García, no
Itamaraty. Também participou
do almoço o empresário Jorge
Gerdau, cotado para o Ministério do Desenvolvimento. Lula
disse que não há nada sobre a
ida de Gerdau para o governo.
"Eu leio cada absurdo na imprensa", riu. Depois, já saindo
com García do salão de almoço,
ele se negou a dizer se o chanceler Celso Amorim será mantido: "Todos os ministros vão ficar... até o último dia do ano".
Em conversas reservadas,
Lula disse estar satisfeito por
ter centralizado a articulação
política e avisou a auxiliares
que pretende manter essa atuação. Ontem, ele brincou com a
nova fase: "Mais reunião do que
eu estou fazendo hoje é impossível... Vou conversar com todas as bancadas, com os aliados, porque eu quero explicar
pra eles que tipo de governo
que eu quero fazer, como é que
a coisa vai funcionar. A partir
daí, eu começarei a pensar se eu
vou mudar e, se vou mudar,
quem que eu vou mudar e
quando que eu vou mudar".
Em Curitiba, Meirelles inaugurou ontem o novo prédio do
BC no Paraná, que levou 11
anos para ficar pronto e exigiu
R$ 21,5 milhões. Ele não quis
comentar suas chances de se
manter na presidência do Banco Central no segundo mandato de Lula: ""Não sei de nada".
Meirelles disse considerar
superada a discussão sobre a
manutenção ou não da política
econômica no segundo mandato. O caminho para o Brasil
crescer, segundo Meirelles, ""é
exatamente manter uma política monetária consistente".
Lula negou que vá cortar gastos públicos para deslanchar o
crescimento econômico. Segundo ele, o Brasil vai crescer
sem usar a tesoura: "Tem gente
que só sabe falar em corte, em
corte, em corte. É preciso parar
de falar em corte e passar a falar
em crescimento". Segundo ele,
"não adianta cortar R$ 1 bilhão,
R$ 2 bilhões, porque não resolve nada... Se você olhar o Orçamento, não tem onde cortar".
Na terça, Lula pretende reunir
ministros e parlamentares na
Granja do Torto para discutir
economia e desenvolvimento.
Colaborou MARI TORTATO, da Agência Folha,
em Curitiba
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