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CONTAS PÚBLICAS
Banco estadual de SC recebe socorro oito vezes maior do que o estimado há dois anos pelo BC
Senado aprova ajuda de R$ 2 bi ao Besc
ALEX RIBEIRO
da Sucursal de Brasília
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou ontem um socorro federal de R$
2,129 bilhões ao Besc (Banco do
Estado de Santa Catarina). A soma representa oito vezes o valor
estimado há dois anos pelo Banco
Central para sanear a mesma instituição.
Em outubro de 97, a estimativa
era que fossem necessários R$ 252
milhões. Revisão feita pelo BC em
dezembro de 98 elevou o socorro
a R$ 819 milhões. Seis meses depois, em junho passado, os recursos necessários já haviam atingido o total de R$ 2,129 bilhões.
Após injetar esses recursos adicionais, espera-se que o Besc seja
privatizado por cerca de R$ 500
milhões -menos de um quarto
do valor do socorro-, segundo
avaliação do diretor de Finanças
Públicas do BC, Carlos Eduardo
de Freitas.
O socorro ao Besc custará mais
caro justamente porque o Estado
optou por privatizá-lo. Antes, a
intenção era que o banco fosse
apenas saneado e que permanecesse estadual.
Se ainda fosse possível apenas
sanear o banco, o socorro estimado seria de cerca de R$ 833 milhões, dividido igualmente entre o
Tesouro e Santa Catarina.
O dinheiro adicional será usado
para retirar do banco os créditos e
bens que não seriam bem aceitos
pelos bancos que provavelmente
vão concorrer no leilão de privatização.
Se a opção fosse manter o Besc
estatal, esse créditos e bens poderiam permanecer dentro do banco, sem que fosse descumprida
nenhuma das regras mantidas pelo BC para garantir a solidez do
sistema financeiro nacional.
O BC concluiu que, para privatizar o Besc, seria necessário retirar
sua carteira de crédito imobiliário, avaliada em R$ 484 milhões.
O Tesouro fará um empréstimo
nesse montante para o Estado,
que comprará a carteira de crédito imobiliário do Besc e a revenderá à Caixa Econômica Federal.
A Caixa pagará o Estado com
moedas podres do FCVS (Fundo
de Compensação de Variações
Salariais), negociadas com alto
deságio no mercado, que em seguida serão repassadas ao Tesouro pelo valor de face.
O Tesouro também vai emprestar R$ 92 milhões para que Santa
Catarina compre créditos de baixa liquidez do Besc. O Estado ficará com os papéis até o recebimento. A mesma fórmula será usada
na compra de R$ 20 milhões da
carteira de crédito rural e de R$ 30
milhões em títulos do Rio.
O Tesouro fará um empréstimo
de até R$ 428 milhões para que seja feito um programa de demissões voluntárias no banco. O benefício será do Besc, que será privatizado, mas o débito ficará com
o governo catarinense.
Serão destinados ainda R$ 30
milhões à modernização tecnológica, R$ 100 milhões para a formação de um fundo de contingência
para cobrir perdas não esperadas
e mais R$ 112 milhões para cobrir
prejuízos esperados nos próximos meses devido aos seus altos
custos operacionais e baixa rentabilidade.
O socorro poderá financiar, de
forma indireta, títulos emitidos
irregularmente por Alagoas para
pagar precatórios (dívidas resultantes de decisão judicial).
A CPI dos Precatórios concluiu,
em 1997, que Alagoas emitiu títulos irregularmente e, por isso,
uma resolução do Senado proibiu
que os papéis fossem refinanciados com condições favoráveis.
Em 1997 o Besc possuía R$ 39
milhões em títulos vencidos de
Alagoas. O socorro, então avaliado em R$ 252 milhões, previa que
Santa Catarina cobrisse integralmente o prejuízo de R$ 39 milhões.
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