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Fraudes na PB somam R$ 70 mi
ISABEL VERSIANI
da Sucursal de Brasília
A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional descobriu que
funcionários do órgão na Paraíba vinham cobrando propinas para apagar ou reduzir o
valor dos registros de dívidas
de empresas com a União.
As fraudes já levantadas até
agora somam R$ 70 milhões,
com 50 empresas envolvidas,
mas o procurador-geral da Fazenda, Almir Bastos, disse ontem que os prejuízos totais provocados pelo esquema de irregularidades no Estado "podem
ser muito maiores".
Bastos anunciou que o procurador-chefe da Fazenda na
Paraíba, Antônio Tavares de
Carvalho, que tem 77 anos e está há 37 anos no cargo, foi afastado da função, no último dia
16 de novembro, por um período de 90 dias.
Nesses três meses, uma comissão de inquérito chefiada
pela interventora Marúcia de
Mattos Miranda, procuradora-chefe de Goiás, estará investigando as fraudes e tentando
apurar os responsáveis.
Segundo Bastos, em alguns
dos casos fraudulentos já levantados no Estado, os débitos
de empresas foram reduzidos
com o deslocamento das vírgulas dos valores registrados.
Com o mecanismo, uma dívida
de R$ 1,2 milhão, por exemplo,
passava a ser registrada como
R$ 1,2 mil.
Em outros casos, os registros
dos débitos foram simplesmente eliminados do sistema
da Procuradoria Geral da Fazenda, o que permitiu às empresas envolvidas no esquema
obterem atestados de "nada
consta" exigidos em processos
de licitações públicas.
Segundo Bastos, algumas
dessas dívidas que haviam sido
"apagadas" foram novamente
registradas no sistema da procuradoria depois que começaram as investigações.
A Procuradoria Geral da Fazenda começou a desconfiar de
fraudes na Paraíba há seis meses, ao detectar que o índice de
cancelamentos de cobranças
de dívidas estava crescendo
muito no Estado em relação ao
resto do país e em relação à média da própria Paraíba.
Os cancelamentos normalmente ocorrem quando, por
erros no sistema, a procuradoria faz a cobrança de dívidas
que já foram quitadas.
Bastos afirmou que os cancelamentos na Paraíba começaram a aumentar exageradamente nos últimos 24 meses e,
em especial, no último ano.
Há seis meses, Bastos nomeou uma comissão de sindicância para investigar o caso.
Com a confirmação de que havia irregularidades no Estado,
o procurador-chefe da Paraíba
foi afastado.
O procurador-geral afirmou
que as investigações no Estado
vão se centrar mais nas dívidas
registradas e quitadas nos últimos cinco anos. É que, por lei,
os créditos tributários prescrevem depois de cinco anos.
O procurador-chefe-adjunto
da Paraíba, Antônio Carlos
Moreira da Silva, e o assistente
Iranildo Pinto de Melo também foram temporariamente
afastados de suas funções. Bastos ressaltou que, por enquanto, não há nada provado contra
nenhum dos três.
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