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MATO GROSSO
Indígenas foram impedidos de participar
Alencar não obtém acordo sobre disputa entre índios e posseiros
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
O presidente interino da República, José Alencar, apontou a ausência de índios xavantes como a
principal causa do fracasso da
reunião comandada por ele ontem em Cuiabá (MT) para resolver uma disputa entre índios e
posseiros no Estado. "Acredito
que, se eles [os índios] estivessem
aqui, nós teríamos um resultado
promissor", afirmou Alencar.
A reunião durou seis horas e
não resultou em um acordo para
impedir o que Alencar chamou de
"iminente conflito" entre 300 índios xavantes e 3.000 posseiros
em Alto Boa Vista (a 1.064 km de
Cuiabá). Os grupos disputam
uma área de 176 mil hectares desde 11 de novembro, quando 200
índios tentaram entrar no local.
"Uma coisa me deixou triste
porque a minha primeira recomendação era que os xavantes
fossem convidados para participar", afirmou Alencar. Ele disse
que o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio
Gomes, o avisou, antes da reunião, da ausência dos índios. Gomes não participou da entrevista
que Alencar deu após a reunião. A
Agência Folha o procurou. Primeiro foi informada que o presidente da Funai estava almoçando;
depois, que tinha ido embora.
Pelo menos 11 posseiros foram
ao encontro. Dois índios, que foram à sede do governo de Mato
Grosso, onde ocorria a reunião,
foram impedidos de participar.
Alencar disse que não sabia que
dois índios foram barrados.
O governo do Estado afirmou
que Ivan Xavante, 24, e Luiz Tserewawe, 43, não vivem na área do
conflito e que por isso não foram
autorizados a participar da reunião com o presidente interino.
Luiz afirmou à Agência Folha que
seus pais nasceram na terra onde
ocorre a disputa. Ivan disse que 12
mil xavantes, incluindo os de outras aldeias dessa etnia, podem ser
mobilizados para entrar em confronto armado com os posseiros.
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