UOL

São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula ficará fora de reunião do PT que decidirá expulsão de radicais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve participar da reunião do Diretório Nacional do PT, no próximo final de semana, que foi transferida para Brasília e traz na pauta a provável expulsão da senadora Heloísa Helena (AL) e dos deputados Babá (PA), Luciana Genro (RS) e João Fontes (SE).
"Lula a princípio não participa", disse ontem o secretário nacional de Organização do PT, Sílvio Pereira, que afirmou ter sido o presidente convencido por ele, José Genoino (presidente da sigla) e Delúbio Soares (secretário de Finanças) a não comparecer ao encontro. "Ele gostaria de participar", disse Pereira.
A decisão se deve, segundo ele, ao peso "tamanho" de Lula no partido em um momento em que a sigla fará um balanço de seu governo, debaterá "medidas disciplinares" contra os radicais e tática eleitoral para o ano que vem -apontando PSDB e PFL como seus principais adversários. "Imagine o presidente votando isso", afirmou o secretário.
Os 81 integrantes do diretório irão ouvir o pronunciamento do presidente do Comissão de Ética do PT, Danilo Camargo, que irá apresentar ao plenário o voto vencedor (pela expulsão) e o vencido (pela não-punição), conforme decidido em reunião há dez dias.
O teor dos pareceres é secreto, e os acusados de transgredir vários artigos dos estatutos do PT não receberão formalmente o texto dos votos proferidos no âmbito da Comissão de Ética.
Certa da expulsão, Luciana Genro, ao final da votação, pretende lançar um novo partido, reunindo dissidentes do PT.
O senador Eduardo Suplicy (SP) defenderá tratamento diferenciado para Heloísa Helena, propondo como pena suspendê-la por seis meses. Até então, Suplicy era contrário a qualquer tipo de punição. Mudou o posicionamento porque a senadora votou contra a reforma da Previdência.
As prováveis expulsões não devem ter efeito político maior dentro do partido, avalia Sílvio Pereira. Entre as correntes do PT, haveria uma única, segundo ele, que apresentaria possibilidades de conflitos maiores: a Força Socialista, que tem entre seus principais expoentes o deputado Ivan Valente (SP).
"Eles caminham para uma rota de confronto com o partido. Pode ser um caminho sem volta", disse. "O PT, quando teve que expulsar correntes internas, o fez. Não pretendemos, mas fez."
O presidente do PT, José Genoino, confirmou ontem a transferência da reunião para Brasília. Genoino atribuiu a decisão ao funcionamento extraordinário do Congresso, inclusive com votações.
A reunião começa no sábado, com debate do cenário político nacional e das perspectivas para 2004. O julgamento será no domingo. Genoino chegou a propor à Executiva do PT a inclusão no programa do diretório de uma palestra do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, durante a reunião. Mal recebida, a proposta acabou descartada.
Apesar da explicação oficial para a transferência da reunião, a mudança gerou críticas. Para o deputado Chico Alencar, a mudança visa evitar as manifestações contrárias à expulsão dos petistas, que deverão ocorrer em São Paulo e em Brasília.
(ANDRÉA MICHAEL E RAFAEL CARIELLO)


Colaborou RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília

Texto Anterior: PT pôs Natal Zero no lugar do Fome Zero, diz esquerda
Próximo Texto: Mato Grosso: Alencar não obtém acordo sobre disputa entre índios e posseiros
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.