São Paulo, segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Trabalho de base

O empate técnico com Geraldo Alckmin caiu bem, assim como a constatação, contrária ao que havia afirmado Ibope recente, de que Marta Suplicy, hoje, bateria Gilberto Kassab num eventual segundo turno. Porém, o dado do Datafolha que mais animou os defensores da candidatura da ex-prefeita em 2008 foi a queda de sete pontos em sua taxa de rejeição -29% contra 36% em agosto, quando a crise aérea e o "relaxa e goza" ocupavam o centro do noticiário.
Eles alegam que, quando ainda nem se sabe quem estará na cédula, a posição no páreo importa menos do que a melhora na aceitação de Marta. "Não sabemos se ela topará nem temos ilusão de que será uma eleição fácil", diz um petista. "Mas quem tentar derrotá-la com base em campanha negativa vai se dar mal".

Vida real 1. Alguns dos petistas mais bem colocados no Datafolha sobre a sucessão de 2008 devem ficar fora da disputa. É o caso de Patrus Ananias, que empata tecnicamente com nomes tucanos na liderança em Belo Horizonte. Menos pressionado do que Marta em São Paulo, o ministro do Desenvolvimento Social tende a esperar o trem de 2010 -seja para o Planalto, seja para o governo de Minas.

Vida real 2. Outro petista que pontuou bem, mas não deve constar da cédula, é o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, terceiro colocado em Recife (14%). Neste caso, porque a decisão sobre o candidato do partido caberá ao atual prefeito, João Paulo. Que já se definiu pelo secretário João da Costa (8%).

Onde já se viu? Embora cobre o voto pró-CPMF do indócil Expedito Júnior (RO), o PR é solidário com o senador. "O PMDB pegou os cargos do Dnit em Rondônia, sendo que o ministério é nosso. O Expedito tem toda a razão em reclamar", diz o líder na Câmara, Luciano Castro (RR).

Inflação. À medida que se aproxima o dia da votação, o governo e seus aliados aumentam a estimativa de buraco em caso de rejeição da CPMF no Senado. Começaram falando em R$ 35 bilhões. Depois, passaram a R$ 40 bilhões. Na semana passada, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) estabeleceu novo recorde: "Não podemos perder R$ 41 bilhões".

Da base. É enorme a pressão dos tucanos do Maranhão, notadamente os da Câmara, para que a bancada do Senado não coopere com a articulação do governo para instalar José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa.

Menos, menos. Como a oposição a Sarney inclui Arthur Virgílio (PSDB-AM) e um ou dois colegas de bancada, além dos peemedebistas Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS), um tucano próximo ao ex-presidente conclui: ele pode levar, mas não será "por aclamação".

Duras penas 1. Ao manter a decisão do ministro Joaquim Barbosa, autorizando juízes federais nos Estados a ouvirem os 40 réus do mensalão, o STF apenas contornou a primeira dificuldade. Os advogados querem fazer perguntas aos co-réus, e o problema aumentará com a oitiva de testemunhas em todo o país.

Duras penas 2. Em geral, os advogados preferem depoimentos perante o juiz da ação, onde estão as provas. O interrogatório por outro magistrado é exceção. No inquérito da Operação Furacão, a ministra Eliana Calmon, do STJ, tomou mais de 50 depoimentos.

Facão 1. De janeiro a novembro, o governo demitiu ou cassou a aposentadoria de 394 servidores federais sob a acusação de corrupção. Em todo o ano passado, foram 357, segundo dados da CGU.

Facão 2. Levantamento de todas as demissões efetuadas desde 2003 revela que a acusação mais recorrente é a de uso do cargo para obtenção de vantagem -34,23% dos casos. São suspeitos de cobrar propina 6,07% dos demitidos.

Tiroteio

Desde a queda do Muro de Berlim, esse conceito de esquerda e direita também caiu. Nas democracias, reivindicar é um legítimo direito da sociedade.


De PAULO SKAF sobre declaração de Lula ("a direita não tem piedade") a respeito dos que, como o presidente da Fiesp, combatem a prorrogação da CPMF.

Contraponto

Lua-de-mel

Na quarta-feira passada, a bancada do PMDB na Câmara se reuniu para uma confraternização. O presidente do partido, Michel Temer (SP), fez um discurso festivo em que ressaltou o momento de união interna, inédito a ponto de incluir uma certa pacificação entre deputados e senadores da sigla -partes habitualmente em litígio.
Marcelo Melo (GO) provocou:
-Quer dizer que teremos de gostar dos senadores?
Marinha Raupp (RO) respondeu:
-Não é tão difícil assim, posso garantir...
Marinha é parte interessadíssima: seu marido, Valdir Raupp (RO), lidera a bancada peemedebista no Senado.


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