São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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Dilma é "sacerdotisa" no governo, diz Sarney

Durante inauguração de trecho da Norte-Sul, Lula afirma que elege o seu sucessor

Em ato público, Nascimento também elogiou a ministra; de acordo com o Datafolha, a petista tem hoje entre 7% e 12% das intenções de voto


SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL
A COLINAS DO TOCANTINS

No dia seguinte à divulgação da última pesquisa Datafolha que apontou o crescimento da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na disputa presidencial, o senador José Sarney (PMDB-AP) enalteceu à pré-candidata petista e afirmou ter certeza de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará o seu sucessor em 2010.
O elogio à ministra, em evento de inauguração de trecho da ferrovia Norte-Sul, em Colinas do Tocantins (a 270 km de Palmas), ocorreu em seu discurso, que já começou chamando a atenção dos presentes: "Vou matar a saudade: brasileiros e brasileiras", disse, animado.
Depois, Sarney saudou os presentes e deixou a ministra por último: disse que ela é a "sacerdotisa do serviço público" e que poucas vezes conviveu com alguém tão dedicado.
"Para êxito do governo, Dilma é a sacerdotisa do serviço público. Já fui tudo na vida e posso afirmar que poucas vezes vi uma pessoa tão dedicada. Por trás de tudo isso que Lula está fazendo, Dilma está na retaguarda", afirmou Sarney.
"Não se esqueçam. Ela está prestando muito serviço ao Brasil e vai prestar por muito mais tempo ainda", completou. Geralmente contida, a ministra reagiu com surpresa ao discurso de Sarney e, sem jeito, cochichou ao ouvido de Lula.
O ex-presidente falou por mais alguns minutos até dizer que Lula fará seu sucessor, mas desta vez sem citar nomes.
"Que o senhor faça seu sucessor, que ande como Vossa Excelência, que trabalhe como Vossa Excelência e que pense como Vossa Excelência."
Sarney foi um dos primeiros políticos da velha-guarda a apoiar Lula na eleição de 2002.

Mais elogios
Antes de ouvir os elogios de Sarney, a quem chamou de "ex-presidente e para sempre presidente do Brasil", Dilma também foi bajulada pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que só não lançou a ministra à Presidência para evitar eventuais problemas com a Justiça Eleitoral.
"Tenho muita honra de estar ao seu lado. Ela está preparada e conhece o país", disse Nascimento, que chamou a petista de "mãe do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], mãe da Norte-Sul e mãe das obras do governo brasileiro", afirmou Nascimento.
Lula, o último a falar, demorou para se referir à eleição de 2010, mas nos minutos finais do discurso, dirigiu-se ao senador Sarney e disse: "Tenho certeza de que vou fazer a minha sucessão. Tenho certeza".
A pesquisa Datafolha mostrou crescimento de Dilma na disputa presidencial, daqui a dois anos. A petista subiu cinco pontos e varia hoje de 7% a 12% das intenções de voto.
A Ferrovia Norte-Sul inaugurada ontem foi projetada pelo governo Sarney em 1987 e cortaria de ponta a ponta o país, mas foi paralisada. As obras acabaram sendo retomadas por Lula, dentro do PAC.


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